30 novembro, 2013

FARIA, Antonio de Portugal de – ADAMASTOR : notas para a historia do cruzador de guerra portuguez construido pela Grande Subscripção Nacional a favor da defeza do paiz. Centenario da India. Leorne, Typographia de Raphael Giusti, 1898. In-4.º (22,5cm) de 19, [1] p. ; B.
Raríssimo opúsculo, impresso em Itália, que dá conta de “d’uma serie de materiaes para a historia do nosso cruzador”, incluindo o nome de todos os tripulantes, os seus postos e categorias.
“Teve Livorno a preferência para nos seus estaleiros – na conceituada casa dos Fratelli Orlando – construir o elegantissimo cruzador de guerra, que a Comissão Executiva da Grande Subscripção Nacional a favor da defeza do paiz, poude realisar com o auxilio de 38.000 subscriptores.
Como o Adamastor anda ligado à Bibliographia do nosso grande poeta nacional, aqui damos noticia aos colleccionadores, dos albums de photographias, cartazes, pequenos impressos, convites, menus, etc. relativos ao nosso navio de guerra.”
(excerto do texto)
“O «Adamastor» foi um cruzador da Marinha Portuguesa , construído nos Estaleiros Navais de Livorno, Itália em 1896 e financiado pelas receitas proveninentes de uma subscrição pública organizada como resposta portuguesa ao Ultimato britânico de 1890.
O Adamastor desempenhou um papel importante no golpe de 5 de Outubro de 1910 que levou à implantação da República Portuguesa, sendo responsável pelo bombardeamento do Palácio Real das Necessidades, a partir do Tejo.
Durante o seu período de serviço, o Adamastor percorreu em missões de soberania quase todos os territórios ultramarinos portugueses desde Angola a Timor. Também fez várias visitas oficiais a países estrangeiros, como o Brasil ou o Japão.
Em 1913, o seu comando é entregue ao Capitão João Canto e Castro, futuro Presidente da República, que o vai buscar a Macau.
Na Primeira Guerra Mundial o Adamastor tomou parte activa nas operações militares contra os alemães, no norte de Moçambique (foz do rio Rovuma).
Foi desactivado em 1934 e vendido à marinha mercante.”
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Falhas de papel na capa.
Raro e muito curioso.
25€

28 novembro, 2013

SAVIOTTI, Gino – SANTO ANTÓNIO. Tradução de Oliva Guerra. Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1944. In-8º (19cm) de 270, [2] p. ; B.
Biografia romanceada de Santo António.
Índice:
Primeira parte – A noite dos lôbos.
Segunda parte – Os filhos do demónio.
Terceira parte – Olho por ôlho.
Quarta parte – Flagelo de Deus.
Quinta parte – Video Deum.
Sexta parte – Doce Pádua.
Santo António – prólogo (para um filme).
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

26 novembro, 2013

SOLDADOS DE PORTUGAL. [S.l.], [s.n. – comp. e imp. na Editorial Imperio, Lda., Lisboa], Maio : 1935. In-8º (19cm) de 16 p. (inc. capas) ; B.
Fotos: capa e contracapa.
Curioso opúsculo de propaganda anti-comunista.
“Com certeza que certos «cavalheiros», já têm chegado ao pé de Vocês e dito que, «não há o direito de não sermos todos ricos, de não sermos todos patrões, que não há o direito disto, que não há o direito daquilo, que devia ser tudo igual, que não devia haver exército, que só no Comunismo é que está a salvação desta coisa toda, etc., etc., e em geral acabam sempre por vos aconselhar a revoltarem-se contra tudo isto, a faltarem ao respeito aos vossos superiores e a não cumprirem as ordens dêles. […]
Querem apoiar-se em vós para subirem ao poder e assim que estão estabelecidos no poleiro, fazem ouvidos de mercador às vossas reclamações. A maior parte dos indivíduos que vos aliciam e organizam revoluções, se elas triunfam, êles mesmo se elevam aos altos postos; se não triunfam «cavam» como poltrões, deixando abandonados e a sofrer as conseqüências, as pessoas que êles aliciaram e atiraram para a desgraça. […]
Os comunistas apregoam O AMOR DOS HOMENS, mas nunca se mataram friamente tantos homens como na Rússia comunista, país onde estão em vigor essas ideias de igualdade, onde a miséria continua a ser miséria e onde se mata e desterra uma pessoa por «dá cá aquela palha». […]
Os comunistas apregoam o AMOR LIVRE que é como quem diz a prostituição das vossas irmãs, filhas e noivas, isto é, o desprezo absoluto pela honra delas, como acontece na Rússia, onde não há respeito pelos altos sagrados e invioláveis direitos da família… Com certeza que quereis que vos respeitem as vossa irmãs e as vossas filhas e não gostaríeis que elas amanhã mudassem de marido como quem muda de camisa. […]
SOLDADOS! Quási todos vós tendes lá nas vossas aldeias, um bocado de terra, um bocado de horta e uma casita que estimais como coisa sagrada e que é o produto de muitas canceiras e muitos trabalhos. Gostarieis que amanhã vo-la tirassem, que fôsse repartida e cedida a indivíduos, que vós sempre conhecestes lá na aldeia como vádios e ladrões, ou então que quási tudo que nela se produzisse fôsse entregue ao Estado? Decerto que não. […]
Não há classes exploradoras, nem há classes exploradas. Assim temos um exemplo: o sr. Dr. Oliveira Salazar que, sendo filho de um honrado e humilde feitor de uma quinta em Santa Comba, é hoje o Presidente do Govêrno… O Destino é que se encarrega de fazer subir uns e descer outros e para tudo é preciso sorte.
SOLDADOS! Quando alguns dêsses cavalheiros, comunistas, anarquistas, anarco-sindicalistas ou quaisquer outros, vos aliciarem para faltardes ao respeito aos vossos superiores, a revoltar-vos, prometendo-vos a uns licenciamento breve, e a outros promoções e outras coisas que depois não cumprem, ou então se vos distribuirem algum panfleto ou folheto clandestino, não hesiteis: - prendei-os imediatamente, dai logo parte da ocorrência, entregando os folhetos que por acaso por distribuírem.”
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito raro.
20€

25 novembro, 2013

TORREZÃO, Guiomar – NO THEATRO E NA SALA. Com uma carta-prefacio de Camillo Castello Branco. Lisboa, David Corazzi, 1881. In-8.º (21cm) de 326, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Colecção de crónicas. Um dos livros mais estimados da bibliografia da autora. Muito valorizado pelo prefácio de Camilo.
“Aqui, n’este paiz – como v. ex.ª decerto não crê – ha tanto lyrismo e tamanha necessidade de o exhuberar em caçoulas de perfumarias, que os lyricos, se uma senhora se faz, em vez de idolo, sacerdotiza – em vez de poetizada, poeta – logo se consternam, cuidando que se lhes apaga uma estrella no seu olympo, e que, d’aqui a pouco apenas lhes será permittido fazer sonetos ás senhoras que tiverem accessit no acto de mathematica. […] Parece, todavia, que eles, os letrados, se temem d’isso, a julgar pela malquerença com que os vejo contender com poetizas e romancistas!
Publica-se tanta parvoiçada do meu sexo licenciada e gabada pela critica!
Inliçam-se e subornam-se tantas condescendencias entre os mestres da arte e os remendões que recortam tombas em velhas botas de escriptores esquecidos ou obscuros para armarem tenda de feira da ladra sem que lhes grite a consciência da ladroeira!
E ninguém lhes desluz a fama nem lhes deita ventosas nas congestões de orgulho!
Quantos escriptores de primeira ordem escrevem em Portugal como v. ex.ª? Quem póde dar exemplo de elegância de estylo, de profundeza e variedade de idéas indicativas de leitura vasta e methodica? Cada livro de v. ex.ª é um aperfeiçoamento que vai justificando os vaticinios dos que lêram as suas estreias balbuciantes.”
(Excerto do prefácio)
Guiomar Delfina de Noronha Torrezão (1844-1898). "Escritora portuguesa. Desempenhou um importante papel no universo da escrita luso-brasileira: foi ficcionista, poetisa, dramaturga e ensaísta. Foi uma mulher muito além de seu tempo, lutando contra todos os preconceitos e enfrentando sempre de cabeça erguida todos os dissabores de uma sociedade machista. Não escrevia apenas para entreter, pelo contrário, escrevia principalmente para instruir as mulheres do seu tempo…
O livro No Teatro e na Sala, obra prefaciada pelo escritor Camillo Castelo
Branco, que reunia um conjunto de contos, um texto dramático e vários artigos críticos, é editado em 1881.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Páginas algo escurecidas em partes do livro.
Invulgar.
Indisponível

24 novembro, 2013

SANTOS, João Antonio Correia dos – PREPARAÇÃO DE PORTUGAL PARA A GUERRA EUROPEIA : males e remedios. Por… Capitão d’Infanteria habilitado com o curso do Estado Maior, professor no Colegio Militar. Lisboa, Tip. da Cooperativa Militar, 1915. In-4.º (23cm) de 224, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada no texto com fotogravuras.
“No momento actual, a rutura de uma conflagração está á mercê do menor incidente e toda a probabilidade é que a guerra rebente entre dois grupos e não entre duas potencias e por isso não compreendemos, que possa haver a cegueira de se esperar pelo dia, em que haja a certeza, de que temos de nos defender, para se improvisarem meios de combate.
Desde que a guerra teria de rebentar entre dois grupos de nações, tudo fazia prever que nós havíamos de ir combater no campo de batalha, onde estivesse a nossa aliada [Inglaterra], porque nos últimos seculos fomos por ela arrastados á guerra, ainda que o tivessemos feito muito contrariados.”
(excerto do Cap. I)
Matérias:
- A aliança com a Inglaterra.
- A influencia dos estrangeiros nas instituições militares de Portugal.
- A defesa do país. – Zonas de invasão.
Os efectivos mobilisaveis dentro da situação financeira dos Estados.
- A duração do tempo de serviço militar.
- Bases para uma reorganisação do exército.
- Relatorio correspondente ás bases anteriormente apresentadas.
- A instrução militar preparatória e a redução do tempo de serviço militar.
- As modificações a introduzir no orçamento da guerra.
- A instrução técnica dos quadros.
- Escolas dos quadros.
- Recrutamento dos oficiais do quadro permanente.
- A politica nos exércitos.
- O Gremio do exército e da armada.
- Como fôram vencidos os turcos.
- Como se prepararam os servios para a guerra.
- A participação de Portugal na guerra europeia.
- Conclusões.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com sinais de humidade nas primeiras e derradeiras páginas.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

23 novembro, 2013

COSTA, Sousa – DRAMAS DA SERRA : novelas. Lisboa, Portugal-Brasil, [192-]. In-8º (19cm) de 183, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Obra dedicada a Lopes de Oliveira, e muito valorizada pela extensa dedicatória autógrafa do autor ao próprio Lopes de Oliveira.
Conjunto de contos serranos.
“Aquele dia de junho agonisava numa resignação de santidade. A luz fugia dos vales profundos, velava-o dos altos cabeços envolventes. As encostas, paramentadas de vinhedos, eram claras a nascente, a poente cobriam-se de poeira cinzenta do crepúsculo. Cá em baixo, na aldeia do Vidoêdo, na veiga dentre Douro e Rabagão, os socos dos camponezes no regresso da leiva ladravam contra o lajedo das ruas. Mugiam vacas, de têta inchada, no seu passo de procissão. Acamadas em rebanho, à frente do cão e do pastor, balavam ovêlhas.”
(excerto do 1.º conto, A Féra)
Novelas:
I - A Féra. II - David e Golias. III - As Feiticeiras. IV - A «benta» do Adro. V - A «benta» da Devesa. VI - Gladiadores. VII - Á hora da morte.
Alberto de Sousa Costa (1879-1961). Escritor português, bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra. “Na sua carreira literária, dedicou-se ao conto, à novela, ao romance, ao teatro, à crónica, à literatura de viagens e ao ensaio, tendo sido um excelente camilianista. Foi um ficcionista de reconstituição histórica e de pitoresco regional. Os seus cenários preferidos retratavam a burguesia coimbrã e os rurais da região do Douro.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

22 novembro, 2013

VIANA, Maria Manuela Couto – BRUXAS, FEITIÇOS, DEFUNTOS, APARIÇÕES… Ilustrações de Juan Soutullo. Lisboa, Edições Ática, 1973. In-8º (19,5cm) de 153, [3] p. ; il. ; B.
Contém ilustrações de página inteira.
“Estas crónicas referentes a pessoas, lugares, situações, têm, pelo menos, o mérito de terem sido vividas. E é certo que, por vezes, perante a beleza das marcações das personagens, perante a fascinação das palavras musicais do ritual, os gestos, as expressões, a magia dos locais, eu sentia-me no limite da adesão maravilhada e tensa […] Dessa fascinação não dei eu conta nas minhas crónicas. Escolhi (propositadamente?) diferente caminho. E, no entanto… E, no entanto, como puderam os iniciados nos mistérios da feitiçaria adivinhar esse encantamento e credulidade, para além da ironia? Certo é que o adivinharam.. Certo é que, à medida que as crónicas iam saindo no jornal, começaram a surgir os telefonemas, as cartas, as visitas importunas. […] Assim, bem mais cedo do que desejara, abandonei as crónicas sobre feitiçaria…”
(excerto da introdução, O homem da fralda de fora)
Matérias:
O homem da fralda de fora. 1. O eficiente troviscal. 2. O «repique». 3. A vingança do senhor X. 4. Na casa que não existe. 5. Faltar-me-á o sentido jornalístico? 6. O tesouro da moirama. 7. De onde menos se espera. 8. A visita do médico. 9. As cores. 10. O anel perdido. 11. As quadras populares e a feitiçaria. 12. O «desempecimento». 13. A romaria serrana. 14. A casa assombrada. 15. Gemidos no escuro. 16. Licantropia outra vez. 17. O segredo de cada um. 18. Onde o «homem» entra de novo em cena. 19. Três costumes minhotos. 20. Da grande virtude de algumas ervas. 21. A bruxa do Carregadouro. 22. «Litoral a Oeste». 23. «Serra Brava».
Maria Manuela Couto Viana (Viana do Castelo, 1919-Lisboa, 1983). "Foi uma actriz, declamadora e escritora portuguesa. Irmã de António Manuel Couto Viana. Maria Viana, muito cedo começou a interessar-se pelas letras. Aos treze anos de idade já colaborava na imprensa de Viana do Castelo. Aos dezasseis anos de idade estreou-se no cinema. Registo para o 1.º prémio do concurso do Grémio Nacional dos Editores e Livreiros em 1942 com o romance "Raízes que não Secam".
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

21 novembro, 2013

A JUSTIFICAÇÃO D’UM DIREITO. Aos ex.mos srs. Senadores e deputados da Nação Portugueza : of. A Camara Municipal da Povoa de Varzim. Povoa de Varzim, Tip do “Comercio da Povoa de Varzim”, 1913. In-8º (18,5cm) de 8 p. ; [4] f. il. ; [2] mapas desdob. ; B.
Ilustrado com 4 fotografias de arruamentos assinalados para delimitação teritorial. Contém 2 mapas desdobráveis da Póvoa/Vila do Conde.
Pretensão poveira que reclama a integração no seu concelho de Poça da Barca, Cachinas (Caxinas), Regufe e outras localidades do concelho vizinho, Vila do Conde.
“A Povoa de Varzim, um burgo que ainda ha 100 annos contava apenas 4.000 habitantes, é hoje a primeira vila do pais, com uma população permanente de 15.000 habitantes, além de uma população fluctuante, aproximadamente de 30.000 forasteiros, que anualmente a frequenta na epoca balnear.
Apezar da enorme emigração para o Brazil, a sua população aumenta espantosamente de ano para ano.
O seu progresso é tal que, quem conheceu esta vila ha trinta anos, dificilmente a reconhece agora.
Cortaram-se amplas ruas e avenidas, estabeleceu-se uma arborisação abundante, canalisou-se agua municipal por todas as artérias, completou-se um sistema de esgotos, etc, etc. possue um lyceu Municipal, e tem muitas escolas tanto do sexo masculino como do feminino.
A sua população, sempre crescente, não póde expandir-se, tão apertados são os seus limites.
Pertencente outr’ora a Vila do Conde, de cuja comarca está separada apenas desde 1876, tão apertados são os limites do seu concelho que parte da villa da Povoa de Varzim é pertença de Vila do Conde!”
(excerto do texto)
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
Com interesse regional.
Indisponível

20 novembro, 2013

CARVALHO, Reis – A QUESTÃO DO ENSINO. Bases de uma reforma da instrução pública no Brasil. Rio de Janeiro, Tip. do Jornal do Comercio, de Rodrigues & Comp., 1910. In-4º (22,5cm) de VI, 88, [2] p. ; B.
“Como de novo se discute a velha questão da reforma do ensino, pareceu-nos oportuno e util reunir em volume o que publicámos na Kosmos, em Julho e Outubro de 1907.
A esta publicação, sumário esboço de uma situação atual do debatido problema, juntamos mais dous trabalho análogos, que escrevemos como membro do Centro Republicano Conservador.
De todos conclue-se que a verdadeira reforma do ensino é um problema cuja solução definitiva escapa ao Governo, está fóra da esfera do Estado, não compete ao Poder Temporal. Em todos fica patente que a reforma proposta tem caracter provisório; é apenas uma transação com os preceitos do nosso estatuto politico. Em todos o fim colimado é, sobretudo, a prática efetiva da disposição constitucional que, assegurando a liberdade de profissões, elimina consequentemente os privilegios de diplomas escolasticos ou académicos.
É possivel que muitos nos chamem demolidores ou demasiadamente adiantados e alguns, ao contrario, ainda nos achem atrazados; mas resta-nos a esperança de que ninguem, de boa fé, deixará de reconhecer o nosso desinteresse pessoal em pról do momentoso assunto.”
(excerto do prefácio)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas com defeitos; falha de papel no canto superior dto na capa.
Raro.
Com interesse para a história da educação brasileira.
20€

19 novembro, 2013

SANTOS, Ernesto Moreira dos – COMBATE DE NEGOMANO (cobiça de Moçambique) : seus heróis e seus inimigos. Memórias. Em 1890… Prepara-se o mapa cor de rosa… Em 1898… Ingleses e alemães perfilham influências nos nossos territórios ultramarinos… Em 1914… Preparam-se para efectivar aquelas influências… Em 1926 Qualquer parcela de território português : NÃO SE DÁ… NÃO SE VENDE… NÃO SE TROCA… Guimarães, [s.n.], 1961. In-8.º (20cm) de 172, [4] p. ; [3] f. il. ; B.
1.ª edição.
Contém ilustrações em extratexto.
“A presente obra não é mais do que um apontamento da minha vida passada na campanha de Moçambique nos anos de 1917-1918.
É a junção de todos os apontamentos daquele tempo e agora compilados com o maior escrúpulo e com a máxima exacção, ficando exarados alguns conforme estavam arquivados, sistema de telegrama, não lhe fazendo acréscimos nem retoques.
Fique este livro como um registo do que se escreveu há 43 anos, apenas, agora, com um pequeno limar de arestas, e embora irregular e nada perfeito, fique sendo sinceramente o mesmo, para ficar subordinado sempre ao aferimento daquela época, não se vendo, portanto, como obra literária que não é, mas simplesmente um livro em que um soldado relata o sacrifício, a miséria e os tormentos que passou para ajudar a cimentar o bom nome da terra querida em que nasceu e pôr ao serviço da sua Independência, do seu crédito e bom nome, o seu esforço, a sua mocidade, e o seu sangue. […] Enfim o presente livro é um detalhe, muito restrito, da guerra em África, nos anos de 1914-1918, … é um documentário da vida do Autor.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

17 novembro, 2013

COUTO, Virgílio – OLHAI QUE LEDOS VÃO… A História de Portugal contada na prosa e nos versos dos escritores portugueses. Selecção e adaptação de… Assistência e revisão de F. Xavier Roberto. Ilustração e arranjo gráfico de Rodrigues Neves. Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, [1958]. In-4.º (23cm) de 268, [4] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Belíssima edição ilustrada, com textos de alguns dos maiores vultos das letras nacionais: Afonso Lopes Vieira, A. Forjaz de Sampaio, João Grave, Oliveira Martins, Alexandre Herculano, Luís de Camões, A. Feliciano de Castilho, João Ameal, Pinheiro Chagas, Damião Peres, Camilo Castelo Branco, Eduardo de Noronha, Rebelo da Silva, entre outros.
Terra de Portugal
tão curta és, que os olhos dum zagal
te podem abranger, tontos de azul,
se no cimo do outeiro
o zagal fica a olhar!
Lá para além do Mar há terras nossas
a Fé e o Império no-las foi criando;
e tão nossas ficaram
pelo sangue, pela alma,
que até hoje por nossas se guardaram!
(Afonso Lopes Vieira)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

16 novembro, 2013

FUNCIONAMENTO DO PREDITOR “SPERRY” – Grupo de Artilharia contra Aeronaves Nº.1 : Centro de Instrução. Cascais, [s.l.], Abril 1945. In-4º (23,5cm) de [2], 52 p. ; [6] p. ; [9] desdob. ; il. ; B.
Publicação técnica, impressa em stencil, ilustrada com desenhos esquemáticos ao longo do texto e em apêndice.
“Chama-se posição presente (Ap) à posição do aéreo no espaço no momento em que sobre ele é feita a pontaria com o preditor.
Chama-se posição futura (Af) à posição do aéreo no espaço ao fim do tempo T, duração do trajecto.
O preditor tem, portanto, de determinar os elementos de tiro relativos à posição futura do aéreo em função dos elementos topográficos relativos à posição presente.
Para isso, baseia-se este preditor na hipótese restrita do movimento dos aéreos, isto é, supõe que o avião segue uma rota rectilínea, horizontal e a percorre com velocidade constante durante o tempo que medeia entre o início da predição e o rebentamento da granada.
Este problema tem de ser pronta e ininterruptamente resolvido pelo preditor, em função dos elementos presentes, sempre variáveis.
Os elementos a determinar e a transmitir para as peças são a direcção, a elevação e a graduação da espoleta futuras.”
(Cap. I - Generalidades)
Durante a Grande Guerra surgiu a AA, que conheceu um grande desenvolvimento a partir dos anos 20. “Era sabido que para se conseguir bater um alvo aéreo com velocidade de, pelo menos, 50 m/s a 60 m/s, era necessário dotar a Artilharia Antiaérea de um sistema eficaz, que permitisse simplificar ao máximo as funções das guarnições em serviço nas bocas de fogo, reduzindo ao mínimo as operações a executar pelos serventes. Tornava-se, igualmente, primordial, sistematizar os procedimentos relativos à correcção contínua dos elementos de tiro, uma vez que, e dada a grande velocidade da aeronave, era repetidamente necessário calcular e introduzir o chamado ângulo de perdição. Tudo isto foi conseguido com a invenção de um aparelho, o Preditor que ficou mais conhecido por Corrector; que se encontrava no Posto de Comando da Bateria Antiaérea e permitia seguir continuadamente o movimento da aeronave e registar a variação dos elementos indicativos da sua posição futura. Entre este aparelho e cada uma das peças da bateria, haviam cabos de ligação eléctricos que permitiam realizar a operação que ficou conhecida como tele-pontaria.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
20€

15 novembro, 2013

RIBEIRO, Raphael – O EXÉRCITO E A POLÍTICA (A propósito duma pretendida ditadura militar). Lisboa, Edição do Autor : Depositário-Livraria Portugália, 1924. In-8.º (21cm) de 59, [1] p. ; B.
1. edição.
Opúsculo crítico da ditadura, redigido em Janeiro de 1919, no rescaldo da morte de Sidónio Pais, mas apenas publicado em 1924, depois de Cunha Leal ter pedido a Ditadura apoiada na “Fôrça Armada”.
“Seja quem fôr que tente levar o Exército para o campo político, comete um crime, porque mata o organismo essencial à independência da Nacionalidade. Dividir o Exército em partidos, pondo assim uma parte dele em luta constante com a outra; levá-lo a intervir directamente na política do país, é dividi-lo.
Se é, pois, uma grande vantagem para o Exército o afastá-lo da política, para a Nação esse vantagem é gradíssima.”
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta falha de papel no canto superior esq. Sem. f. anterrosto.
Invulgar.
15€

14 novembro, 2013

COSTA, Sousa – ILHAS DAS TRÊS FORMOSURAS. 1.º milhar. Lisboa, Guimarães & C.ª, [1929]. In-8.º (19 cm) de 247, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Do plano inicial de escrever sobre os Açores e a Madeira, o autor dedica o presente trabalho apenas à ilha açoriana de S. Miguel, remetendo para mais tarde as restantes ilhas dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, plano que nunca viria a concretizar.
Matérias:
 – Bilhete postal – Madeira e Açores. – Na rota da Atlantida. – Atlantida ou Algarve? – Em Vila Franca do Campo. – Nas Furnas. – O Eremita das Furnas. – Os parques das Furnas. – Coimbra em Ponta Delgada. – Povoação e Nordeste. – As lendas do ilheu. – O Senhor da Pedra. – A subida á Lagôa do Fôgo. – A pesca do sargo . – O chá da Gorreana. – Ribeira Grande e Caldeiras de S. Vicente. – A indole do povo e a emigração. – A pesca da baleia. – A lenda das Sete Cidades. – As Sete Cidades. – A bórdo do «Providence».
Alberto de Sousa Costa (1879-1961). “Conhecido literariamente por Sousa Costa, foi bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, magistrado, escritor e académico. Começou a sua vida em Lisboa, onde foi secretário da Tutoria Central da Infância (1919) e do Tribunal do Comércio (1932). Nesse ano fixou-se no Porto, trabalhando no Tribunal de Execuções Fiscais. Escritor muito apreciado, de romances, evocações históricas, teatro e crónicas e de viagem. O seu romance Entre Duas Labaredas recebeu o prémio Ricardo Malheiro Dias, em 1952. Foi sócio do Instituto de Coimbra e da Academia das Ciências de Lisboa (1916). Visitou pelo menos duas vezes a Madeira e no Verão de 1928, demoradamente, a ilha de S. Miguel, escrevendo o celebrado livro de crónica de viagem, Ilhas das Três Formosuras, que versa essencialmente sobre a ilha de S. Miguel, suas paisagens e seus costumes.”
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Falha de papel importante no canto inferior direito da contracapa.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

13 novembro, 2013

FIGUEIREDO, Fidelino de – PORTUGAL NAS GUERRAS EUROPÊAS. Subsidios para a compreensão dum problema de politica contemporanea. Lisboa, Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira, 1914. In-4º (22,5cm) de 84, [4] p. ; B.
Estudo do autor identificando causas e consequências históricas para a nossa participação nas guerras europeias, no limiar de mais um confronto bélico; a mais que provável intervenção portuguesa, e em que moldes.
“A guerra actual é ainda um episodio – oxalá que o maximo e o ultimo! – dessa expansão quasi irresistivelmente poderosa da Allemanha e dessa rivalidade moral e economica com a França e a Inglaterra. Preparando-se de longa data para o assalto, pela mais apurada organização militar, que se tem visto em todos os tempos, a Allemanha julgou azado o momento de empolgar a suprema magistratura politica da Europa…”
(excerto do texto)
Matérias:
Preliminares. I – A politica diplomatica de Portugal depois da Restauração. II – Portugal na guerra da successão de Espanha. III – Portugal e a guerra dos sete anos. IV – Portugal nas colligações contra a França Revolucionaria e Napoleão I. V – Conclusões. VI – O problema actual.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse rasurada na capa, f. rosto e 1ª p. texto.
Invulgar.
Indisponível

12 novembro, 2013

COMEMORAÇÕES CENTENÁRIAS. Programa Oficial : 1940. [Lisboa], Secção de Propaganda e Recepção : Comissão Executiva dos Centenários, 1940. In-4.º (25cm) de [100] p. ; [1] desdob. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa e Planta de Fred Kradolfer.
Ilustrações de Bernardo Marques e Carlos Botelho.
Fotografias de Horácio Novaes, Judah Benoliel e Carvalho Henriques.
Contém desdobrável com planta do recinto da Exposição.
Bonita edição impressa em papel de qualidade extra, superiormente ilustrada com desenhos e fotografias a p.b.
“Resolveu a Comissão Executiva, a que tenho a honra de presidir, que se publicasse, além da edição de vulgarização que corre impressa em várias línguas, uma edição especial do programa das Comemorações, destinada a perpetuar, nas bibliotecas, arquivos, museus e outras instituições congéneres de Portugal e dos países estrangeiros, a memória do nosso jubileu nacional, e a tornar conhecida, na sua expressão sinóptica, a forma porque os portugueses de 1940 conceberam e levaram a efeito a celebração dos oito séculos de existência histórica da Nação.
Essa concepção é, aliás, simples. No presente ano, rico de efemérides, três factos dominantes se comemoram: a fundação da nacionalidade (1140); os fastígio do Império (1540); a restauração da independência depois do colapso de sessenta anos representado pela monarquia dualista (1640). Consequentemente, o programa estabelece a sucessão lógica de três Épocas: a Época medieval; a Época imperial; a Época brigantina (regresso à plenitude da soberania sob a égide da estirpe de Bragança). E, atendendo a que outros actos e solenidades se situavam, no programa calendário, fora destas três épocas, previu-se a organização de um período intermédio no qual se incluiu, entre outras celebrações, a do sexto centenário da batalha do Salado, em que Portugal eficazmente colaborou na defesa da Espanha cristã (1340).”
(Excerto da introdução de Júlio Dantas)
Exemplar brochado, com as folhas unidas por cordão, em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

11 novembro, 2013

PINTO, Ricardo Leite – LIBERDADE DE IMPRENSA E VIDA PRIVADA. Lisboa, Ordem dos Advogados Portugueses, 1994. In-4º (23cm) de 121, [1] p. (p. 27/147) ; B. Separata da Revista da Ordem dos Advogados : Ano 54, I
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
“A discussão acerca do conflito entre a reserva da intimidade da vida privada e a liberdade de imprensa, é, entre nós, uma discussão actual.
Apesar disso, a comunidade jurídica nacional não tem dado ao tema especial relevância. Continuam a ser escassos os trabalhos jurídicos sobre o conteúdo, os limites e as situações de conflito entre ambos aqueles dois direitos fundamentais.
Inversamente, a literatura jurídica estrangeira tem sido prolífica no tratamento da matéria, acompanhando o desenvolvimento dos mass media audiovisuais e o aparecimento de sofisticadas tecnologias de recolha e produção de informação.”
(excerto da introdução)
Matérias:
Capítulo I (Liberdade de Imprensa).
Capítulo II ((Vida Privada).
Capítulo III (Conflito entre a Liberdade de Imprensa e o direito à reserva da intimidade da vida privada e familiar).
Capítulo IV (Conclusões).
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

10 novembro, 2013

AMALIA, Narciza – NEBULOSAS : poesias. De… natural de S. João da Barra, provincia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier : Livreiro-Editor do Instituto, [1872]. In-8.º (18 cm) de 192, [4] p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Raríssima edição original do único livro publicado por Narcisa Amália. Valorizada pelo extenso prefácio de Pessanha Póvoa que não se limita a elogiar e recomendar a obra da autora, antes faz uma breve incursão pela história da poesia universal, analisa o estado da poesia brasileira e o papel que Amália nesta poderia desempenhar.
Livro ilustrado com formoso retrato da autora em folha separada do texto.
“Narcisa Amalia será a impulsionadora e o ornamento de uma épocha litteraria mais auspiciosa que a presente. Hade redigir os aphorismos poeticos, como Aristoteles escreveu os da natureza.
Na historia da nossa literatura, o seu enthusiasmo moral, que é um culto do seu talento, terá uma consagração nos annaes do futuro desta legião de inteligencias que está celebrando as glorias do presente.
Não a conheço, mas eu imagino que em seu rosto a tristeza occupa o logar da alegria.
- «A funda melancolia
Não seguiu-a desde a infância,
Deus não fel-a triste assim…
Houve na sórte inconstância,
E se perdeu a alegria,
É de homens obra ruim.» -
A extremosa pureza dos seus pensamentos, o pudor da sua imaginação, bem inculcam que os seus paes lhe anticiparam um thesouro no abençoado curso da sua educação, no santo respeito da familia e amor da patria.
Eu penso que o écho das suas palavras é um concerto de pezares. Ella aborrece a canalha subalterna das lettras, porque ha uma canalha illustre que é mais fidalga que a nobreza de decreto; essa, ella estima e applaude.
Narcisa Amalia não é um typo; é uma heroina.
Senio acaba de pedir que não elogiem os seus livros de prosa.
Eu peço que julguem o livro de N. Amalia, livro que illumina a grande noite da poesia brasileira.
Quando houver um Conselho d’Estado ou um Senado Litterario, Narciza Amalia terá as honras de Princeza das letras.
Este livro ha de produzir tristezas e alegrias. É a primeira brazileira dos nossos dias; a mais illustrada que nós conhecemos; é a primeira poetisa desta nação.
Delphina da Cunha, Floresta Brazileira, Ermelinda da Cunha Mattos, Maria de Carvalho, Beatriz Brandão, Maria Silvana, Violante, são bonitos talentos. Narcisa Amalia é um talento feio, horrível, cruel, porque mata áquelles. Foram as suas antecessoras auroras efémeras; ella é um astro com orbitra determinada.” […] Quando neste paiz a Republica Politica galardoar os benemeritos da Republica Litteraria, Narcisa Amalia exercerá a sua dictadura.
Não é descrente por moda, como foram os imitadores de Musset; não é sceptica como os de Goethe, é republicana como Schiller, como Felix da Cunha, e Landulpho; é intangivel como a fatalidade. […] Estreou-se emancipada da poesia-piegas, do verso-capadacio, da literatura-artezã, que a hi vivem estucando e distillando biliosas sujidades e obscenas audacias.
Hade vir a épocha em que o sentimento de patriotismo reinvindicará os nomes desses talentos extraordinarios.
Seu estylo vigoroso, fluente, academico; a riqueza das rimas, tão euphonicas, tão reclamadas e necessarias ao verso lyrico, suas convicções falando á alma e á imaginação, justificam a sua já precoce celebridade, confirmam a sua sorprehendente e rapida aparição, precedida do respeitoso coro da critica sincera e grave.
Não sabe fingir nem falsificar.
A sua individualidade litteraria acusa um caracter leal e capaz de todos os sacrifícios pelas grandes causas.”
(Excerto do prefácio)
Narcisa Amália de Campos (1852-1924). “Poeta, jornalista e feminista, nasceu em 1852. Mudou-se para Resende aos 13 anos, acompanhando os pais. Publicou um livro de poesias «Nebulosas». Militou na imprensa – foi a primeira jornalista brasileira – e lutou pelos direitos das mulheres, pela libertação dos escravos e pela proclamação da República em nosso país. Faleceu no Rio, em 1924, no dia de São João. Dois livros foram escritos sobre sua vida e obra: “Narcisa Amália, vida e poesia”, de João Oscar, Campos dos Goytacazes, 1994 e “Um espelho para Narcisa – reflexos de uma voz romântica”, por Christina Ramalho, Elo Editora, Rio,1999.  A acadêmica Heloisa Crespo publicou em 2002, o poema cordel “Narcisa Amália”.” (carlosaadesa. wordpress.com)
“Narcisa Amália, a republicana admirada pelo Imperador Dom Pedro. Mesmo sendo defensora das ideias e dos ideais republicanos, Narcisa Amália era admirada e chegou a ser homenageada pelo Imperador Dom Pedro II, em reconhecimento pela qualidade da sua poesia.
“Dom Pedro II, em visita a Resende, manifestou o desejo de conhecer a escritora pessoalmente. Contaram os cronistas que o imperador caminhou até a padaria onde Narcisa morava e trabalhava, para ouvir de sua própria voz alguns de seus poemas.”” (“Dicionário Mulheres do Brasil”, página 437).
Por ter sido uma personalidade muito à frente da sua época, Narcisa Amália também sofreu perseguições, calúnias e contrariedades daqueles que não aceitavam que uma mulher, em meados do século XIX e primeiras décadas do século XX, pudesse ter a sua presença marcante na vida cultural do nosso país, destacando-se como protagonista na história da literatura e, mais ainda, como defensora da sua autoafirmação e desafiadora corajosa de todos os limites impostos pela sociedade daqueles tempos à mulher.
(Sinvaldo do Nascimento Souza, www.rioeduca.net)
“Primeira mulher a se profissionalizar como jornalista no Brasil, alcançando projeção em todo o país através de seus artigos, Narcisa Amália publica, em 1872, seu primeiro e único livro de poesias, Nebulosas, obra que a consagrou. Moradora da cidade de Resende (RJ), casou-se por duas vezes e por duas vezes também se separou. Porém, se a vida conjugal da poetisa não foi das mais tranquilas, o mesmo não se pode dizer de sua vida literária, marcada por um estilo parnaso, destacado por grandes intelectuais, como, por exemplo, Machado de Assis. Narcisa Amália escreveu poemas para vários jornais da época e, através do espaço que conquistou na imprensa, trabalhou intensamente em favor das causas abolicionistas, republicanas e, destacadamente, pelos direitos da mulher.”
Fragmento
Por que sou forte
(a Ezequiel Freire)
Dirás que é falso. Não. É certo. Desço
Ao fundo d’alma toda vez que hesito...
Cada vez que uma lágrima ou que um grito
Trai-me a angústia — ao sentir que desfaleço...
E toda assombro, toda amor, confesso,
O limiar desse país bendito
Cruzo: — aguardam-me as festas do infinito!
O horror da vida, deslumbrada, esqueço!
É que há dentro vales, céus, alturas,
Que o olhar do mundo não macula, a terna
Lua, flores, queridas criaturas,
E soa em cada moita, em cada gruta,
A sinfonia da paixão eterna!...
— E eis-me de novo forte para a luta.
Crítica
A nova geração
"As flores do campo [de Ezequiel Freire], volume de versos dado em 1874, tiveram a boa fortuna de trazer um prefácio devido à pena delicada e fina de D. Narcisa Amália, essa jovem e bela poetisa, que há anos aguçou a nossa curiosidade com um livro de versos, e recolheu-se depois à turris eburnea da vida doméstica. Resende é a pátria de ambos; além dessa afinidade, temos a da poesia, que em suas partes mais íntimas e do coração, é a mesma. [Naturalmente, a simpatia da escritora vai de preferência às composições que mais lhe quadram à própria índole, e, no nosso caso, basta conhecer a que lhe arranca maior aplauso, para adivinhar todas as delicadezas da mulher. Dona Narcisa Amália aprova sem reserva os "Escravos no Eito", página da roça, quadro em que o poeta lança a piedade de seus versos sobre o padecimento dos cativos. Não se limita a aplaudi-lo, subscreve a composição. Eu, pela minha parte, subscrevo o louvor; creio também que essa composição resume o quadro.”]
(Machado de Assis, Revista Brasileira, 1 dez. 1879).
Principais obras:
Nebulosas (1872); Nelúmbia (conto publicado no jornal Lux!, 1874); Por que sou forte (prefácio a Flores do Campo, 1874).
(in Clássicos Brasileiros: uma seleção de autores com obras em domínio público = Brazilian classics : a selection of authors with works in public domain / [organização, Aníbal Bragança ; versão inglesa, Iuri Lapa]. – Rio de Janeiro : Fundação Biblioteca Nacional; São Paulo : IMESP, 2011.)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Com defeitos, mormente, falhas nas extremidades da lombada e no revestimento da pasta posterior. F. anterrosto em falta. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação, sendo que as primeiras e últimas páginas do livro se apresentam levemente oxidadas.
Muito raro.
Com interesse para a História da literatura brasileira.
Indisponível

09 novembro, 2013

MORAES, Wenceslau de – CARTAS DO JAPÃO. II. 2.ª serie – 1909-1910. Lisboa, Portugal-Brasil : Sociedade Editora Arthur Brandão & C.ª, [191-]. In-8º (19cm) de 210, [2] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
A visão do mundo, e do Oriente em particular neste conjunto de crónicas e histórias pela pena inconfundível pelo nosso orientalista de referência.
Algumas matérias abordadas:
Os direitos da mulher japoneza… o casamento, o divorcio.
O grande incendio de Osaka.
O cruzador Rainha D. Amelia em Yokohama
O general Noghi; perito na guerra e distincto na arte da poesia.
O salteador mais famoso do Japão; os seus crimes; a poesia que elle proferiu á hora da morte.
A viagem do S. Gabriel á roda do mundo [e a sua estadia em terras nipónicas]; outros navios de guerra portuguezes.
O jujutsu e o seu equivalente judô; a historia de um dos primitivos mestres do judô, Shirabsi Akiyama.
“A Paz do mundo suggeriu, ha alguns dias, a um jornal inglez publicado no Japão – The Japan Chronicle – asssumpto para um longo artigo de fundo, abundante em considerações sobre a materia; e, após a leitura do artigo referido, vem igualmente suggerir-me assumpto para umas ligeiras referencias.
N’estes ultimos anos, em que a propaganda pacifista se vem mostrando tão activa, é licito perguntar se os seus esforços alguma coisa hão conseguido, no sentido de pôr côbro aos grandes armamentos e aos preparativos bellicosos. A resposta é negativa.
Os armamentos, marítimos e terrestres, augmentam immensamente, de anno para anno. Todos os governos e todos os soberanos entoam deliciosissimos discursos na glorificação da paz, mas todos se preparam para a guerra.”
(excerto do Cap. I, Referencia á propaganda pacifista e á febre dos armamentos)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta falhas de papel no canto superior esq. e no canto inferior dto.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

08 novembro, 2013

A MOCIDADE – Numero Especial. Homenagem aos escritores e vultos notaveis do Algarve. Directores: Mateus M. Moreno, José G. Murta, Jaime da Graça Mira. Colaboração especial dos mais distintos escritores algarvios. Ilustrações referentes a personagens e logares do Algarve. Faro, Composto e impresso na tip. do Heraldo, 1913. In-8.º (22 cm) de 32 p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Derradeiro número da revista académica algarvia A Mocidade (Out. 1911-Set. 1913). A Mocidade foi uma revista desenvolvida e dada à estampa por alunos do Liceu de Faro, que alcançou alguma projecção regional, e cujos directores e alguns colaboradores viriam a atingir notoriedade nacional. Mateus Moreno, Guerreiro Murta, Graça Mira, Lyster Franco, Cândido Guerreiro, entre outros, elevaram bem alto as letras algarvias. Mais tarde, já em Lisboa, na Faculdade de Ciências, Mateus Moreno refundou a revista, mas agora com o nome «Alma Nova».
Relativamente à revista, e em particular, a este derradeiro número, retirámos do sítio do projecto “Prof2000” o seguinte texto:
“Semanário académico, literário noticioso e recreativo. Trabalho - Ciência - Progresso, era o seu lema. Publicou-se ás quintas-feiras e pertenceu ao Grupo de "A Mocidade" que se compunha de: Jaime da Graça Mira, natural de Alte, hoje licenciado em Ciências e Farmácia e professor diplomado de ensino secundário particular, residente em S. Bartolomeu de Messines, Mateus Moreno, natural da Conceição de Faro, capitão de artilharia, hoje servindo em Angola, Francisco de Ascenção Mendonça, também da Conceição de Faro, actualmente licenciado em Ciências e naturalista botânico da Faculdade de Coimbra e Manuel de Sousa Botelho, já falecido, natural de S. Brás de Alportel.
Sob a direcção de Graça Mira, tendo como secretário da redacção Manuel Botelho, iniciou a publicação em 26 de Outubro de 1911, tendo suspendido após a saída dum número especial de 32 páginas, muito ilustrado, em homenagem aos escritores e vultos algarvios, em setembro de 1913, número que foi composto e impresso na tipografia de "O Heraldo", de Faro, e correspondia ao n.° 49.
Graça Mira, abandonara o jornal ao n.° 39 por ter ido prestar serviço militar. Foi então substituído por Mateus Moreno e Guerreiro Murta, natural de Loulé, hoje professor num Liceu de Lisboa, que embora não pertencesse ao Grupo desde o n.º 12 substituirá Manuel Botelho na chefia da redacção, onde prestou os mais relevantes serviços, informou-me Graça Mira.
Composto e impresso na "Minerva Comercial" de Évora.”
(Fonte: http://www.prof2000.ptusers/jotabe/faro06.htm)
“O nosso jornal, cuja vida foi uma senda espinhosa somente engrinaldada de amores e benefícios, expirando hoje sob o carinhoso afago dos mais distintos escritores da sua provincia, não devia nem podia deixar de oferecer a sua primeira pagina ao mais sublime dente eles – João de Deus: o pedagogo mais amado das criancinhas e o lírico mais puro, delicado e sentimental que as letras pátrias conheceram.
Nunca ninguem teve arte de dizer coisas mais belas em frases tam simples, diz o sr. M. dos Remedios; mas nós, dentre as chamas crepitantes do nosso orgulho, apenas sabemos exclamar:
Ditoso Algarve que tal filho teve!
(Pag. 1 – homenagem a João de Deus)
Na página seguinte, é com amargura e alguma ironia que os editores se despedem:
“Labor Omnia Vincit
Leitores e Camaradas:
«A Mocidade», encerrando hoje a sua publicação, vem apresentar-vos sinceras e cordiais despedidas, agradecendo ao mesmo tempo todas as finezas que lhe dispensastes, e bem assim aos ilustres escritores, que tão obsequiosamente atenderam ao nosso convite, a honra da sua cooperação no embelezamento e nome do presente numero.
Novos, inexperientes, falhos de auxilio e conhecimentos, não podemos, porquanto muito perfeitos fossem os nossos desígnios, ser sempre um modelo de perfeição jornalística; mas nem por isso o nosso nome deixa de brilhar, em letras fulgentes e aureolado das mais ostensivas referencias, nas paginas luminosas dos nossos presados colegas.
E pois, que mais havia a esperar de rapazes dum liceu – rapazes que raramente são capazes de redigirem com gramática um postal p’rás famílias?
Não podíamos fazer mais, e cremos até que fizemos o bastante para que todos nos recordem com saudade.
Labor omnia vincit: - eis a verdade.
Os Directores”
Matérias:
1.ª Parte – Autores consagrados:
João de Deus (com g.). Labor omnia vincit – Os directores. Poetas algarvios – Marcos Algarve. Patria – Versos de Rodrigues Davim (com g. do A.). Faro – Doca e Praça D. F. Gomes (gravura). Ultimo Vôo – Maria Veleda. Regresso… - Sonêto de Bernardo de Passos. O choro dos violinos nos crepúsculos – Versos de João Lucio (com gravura do A.). Marim – Ataide Oliveira (com g. do A.). Coquetismos – Lyster Franco (com g. do A.). Suicidio – Sonêto de Marcos Algarve (com g. do A.). Sonêto de Candido Guerreiro (com g. da Queda do Vigario - ALTE). Apologo da Pulga – Versos de Coelho de Carvalho (com g. do A.). A luva – Sonêto de Julio Dantas (com g. do A.). O filho – Versos de Julio Dantas. Amor-Victor – Sonêto de Candido Guerreiro (com g. do A.). Sonêto de Bernardo de Passos (com g. do A.). Dr. Antonio Cabreira (com g.). Quadras – João Lucio e Bernardo de Passos. Vultos notaveis do Algarve (com g. de Ferreira d’Almeida). Monumento a Ferreira d’Almeida (gravura).
2.ª Parte – Flores Novas:
Primavera – Versos de Agostinho Junior. Canto matinal – Sonêto de M. M. M. Caes de Silves (gravura). Fleur Profanée – Versos de Laurindo Serytram. Um beijo – Versos de José Dias Sancho. Quadras de Rita da Palma e M. M. M. Duas coisas a que o homem obedece cegamente – José Guerreiro Murta. Crianças – Sonêto de Ascensão Contreiras. Minha capinha – Versos de João Rico. Mais faz quem quer que quem pode – Ascensão Mendonça. Despedida.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Tanto quanto foi possível verificar, a revista não se encontra registada na base de dados da Biblioteca Nacional.
Muito raro.
Com interesse histórico e regional.
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