28 fevereiro, 2015

CRUZ, Frederico - ATRAVÉS DO ESPAÇO. [Lisboa], Edição da Emprêsa Nacional de Publicidade, 1942. In-8.º (18,5cm) de 404 p. ; il. ; B.
1.ª (e única) edição.
Ilustrada com desenhos de página inteira.
Valorizada pela extensa dedicatória autógrafa do autor ao Comandante Gomes Ramos.
Publicado em 1942, «Através do Espaço» foi um dos primeiros romances portugueses de Ficção Científica.
"A escrita da ficção científica, e do fantástico em geral, é bastante instável na nossa cultura [...], não porque não haja vontade nem tentativas de incursões no género, mas porque, por um motivo ou outro, são singelas e particulares [...]. Durante todo o século passado as conhecidas incursões de Amílcar de Mascarenhas (A.D. 2230), Frederico Cruz (Através do Espaço), Luiz de Mesquita (O Mensageiro do Espaço), Alves Morgado (O Construtor de Planetas), entre outros, surgiram igualmente como pequenas contribuições, na maioria discretas e prontamente caladas, para um universo ficcional português."
(Luís Filipe Silva in correiodofantasstico.wordpress.com)
"A mata estava silenciosa. Os primeiros alvores tingiam o horizonte. Débil brisa agitava brandamente a ramaria das árvores, fazendo-as rumorejar em surdina.
No centro da vasta clareira, o enorme fuso apontado a trinta graus de elevação e apoiando-se na robusta estrutura metálica, brilhava sob o influxo dos suaves raios lunares.
Como eram elegantes as suas formas alongadas de contornos aerodinâmicos!
As asas laterais, largas, espessas, mas relativamente curtas davam-lhe o aspecto duma ave gigantesca e exótica, de moderada envergadura mas grande superfície alar."
(excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

27 fevereiro, 2015

COSTA, João Antonio Jacinto da - A HISTORY OF GOA : from the earliest times to the day of  its Liberation from the Portuguese in December 1961. Mapusa - Goa, Published by The Author [Printed by him at Ramakant Printers], 1982. In-8º (18cm) de [16], 345, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com mapas nas páginas do texto e a fotografia do autor no final do livro.
Rara monografia sobre Goa, antiga possessão portuguesa, desde 1961 integrada na República da Índia.
"In writing this book of History of Goa the main purpose is to acquaint the public in general and the younger generation in particular with a systematic and methodical history of our cherished land, bearing in mind the principle laid down by Cicero "to be ignorant of what happened before you were born, it's to live the life of a child for ever." [...]
I have endeavoured in this book to cover the whole range of events from the earliest times down to 1961 and have sorted it out for clarity's sake into distinct and separate periods, namely pre-Historic aun Historic (Hindu, Muslim and Portuguese) with their sub-section.
In addition, a preliminary survey of some important features (physical, social, economic, etc.) of Goa at the beginning and six appendices on some important events of Goa's history at the end have been supplemented."
(excerpt from the preface) 
João António Jacinto da Costa (1918-?). Born in Saligão, Bardez, in 1918. Early education at Monte de Guirim School, Bardez, under Rev. H. A. de Luna. Humanities, Philosophy and Theology at Rachol (pronounced Rahshaw|') Seminary, Salcete. Took Orders in 1944. Seen service in Tanjore and Ooty Dts. of Tamilnad and Bangalore in Karnataka rounding off with Graduation in Sociology, Politics and Eduacation, and Post-graduation with Hons. in History at the Poona (new Pune) University, India, in 1962. Head-Master of Fr. Agnel High School, Bandra, Bombay (1962-1963). Teacher Grade I at Govt. Her. Secondary School (former Lyceum), Pangim, Goa (1963-1975), deputised to work as Subject Inspector at the State Institute of Educations (S. I. E.) Alto Betim, Goa (1975-1976), retired from Government service in September 1976. At present, engaged in re-search work."
(Author's Bio-Data)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
35€
COELHO, Trindade - IN ILLO TEMPORE. Estudantes, lentes e futricas. Desenhos de Antonio Augusto Gonçalves. Paris-Lisboa, Livraria Aillaud & Cia, 1902. In-8.º (18,5 cm) de 422, [4] p. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
Edição original de uma das mais emblemáticas obras sobre a vida estudantil coimbrã.
Ilustrada no texto com desenhos de Mestre António Augusto Gonçalves e fotografias coligidas em Coimbra por António Luís Teixeira Machado e Adriano Marques.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao "Noticias d'Evora".
"In illo tempore - no tempo em que eu andava em Coimbra, andava lá tambem a estudar Direito um rapaz chamado Passaro. Elle não se chamava Passaro. Passaro, pozemos-lhe nós, porque além de ser alegre como um pintassilgo, e vivo como um ardal, - usava o cabello não sei de que modo, que parecia que lhe punha duas azas atraz das orelhas, e que a cabeça lhe ia a voar!
Elle não se zangava que lhe chamassem Passaro, e até gostava: - e como alcunha que se ponha em Coimbra, péga como se fôsse visgo, - desde o Camões que era lá em Coimbra o Trinca-fortes, até ao fallecido Alves da Fonseca, chamado o Chato José do Cão, por andar sempre com um cão atraz d'elle e ter um nariz muito chato, ou ao outro a quem por ter só metade do bigode passaram a chamar Gode, e ainda a outro o Sete Fallinhas, que por se desfazer em fifias quando fallava, - ninguem lhe chamava d'outra maneira: - «Ó Passaro, isto!» - «Ó Passaro, aquillo!».
A pontos que o rapaz addicionou a alcunha ao appellido..."
(excerto de A festa das latas)
Índice:
- A festa das latas. - Resurrexit non est hic. - O Saraiva das forças. - Lopes ou Bettencourt? - Poetas balneares. - O Orpheon Academico. - Balthazar, o lethargico! - D, Felicidade. - A Niveleida. - O Lusitano e o Anda a Roda. - A campanha do Ze Pereira. - A sebenta. - Na aula do Chaves. - O «Velho». - As fogueiras do S. João. - A Casaqueida. - Um homem não é de pau. - A récita dos quintannistas. - Alho! Alho! Alho! - A Cabra! - O Bólson das contas lisas. - «Á tabúa!». - «Viu bem?». - Os voluntarios... da Economia!... - O grande Damazio. - «Miserere nobis!». - Leão, rei dos animaes. - Sanches, o comilão.
José Francisco Trindade Coelho (1861-1908). "Escritor. Natural de Mogadouro, a sua obra reflete a infância passada em Trás-os-Montes, num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata, embora sem intuitos moralizantes. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa atividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar democraticamente o cidadão português. Era um homem inconformado. Nem a fama de magistrado, nem o prestígio de escritor, nem a felicidade conjugal conseguiam fazer de Trindade Coelho um cidadão feliz. À medida em que avançava no tempo mais se desgostava com a vida, pelo que o desespero o levou ao suicídio em 1908. Deixou uma obra variada e profunda, distribuída por quatro vertentes. Jornalismo, carácter jurídico, intervenção cívica e literária. Algumas obras: «Manual Político do Cidadão Português», o «ABC do Povo», o «Livro de Leitura». A série «Folhetos para o Povo», onde se incluem, entre outros: Parábola dos Sete Vimes, Rimas à Nossa Terra, Remédio contra a Usura, Loas à Cidade de Bragança, e Cartilha do Povo, A Minha candidatura por Mogadouro. Como obras literárias deixou: «Os Meus Amores» (1891) e já inúmeras reedições de «In Illo Tempore» (livro de memórias de Coimbra-1902)."
(Fonte: Wook)
Belíssima encadernação em meia de pele ricamente ornamentada a ouro nas pastas e na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

25 fevereiro, 2015

CRAVEIRINHA, José - CHIGUBO. Lisboa, Edição da Casa dos Estudantes do Império, 1964. In-8º (16cm) de 35, [1] p. ; B. Colecção Autores Ultramarinos, 14
Capa de José Pádua.
1.ª edição.
Rara edição original da primeira obra do autor.
"Considerado o maior poeta africano de língua portuguesa e, em particular, um dos fundadores da literatura moçambicana. Referindo-se à sua importância na cultura moçambicana, Mia Couto afirma que “Craveirinha está para Moçambique como Camões está para Portugal”, não havendo distância entre escritores contemporâneos e antigos em Moçambique, como acontece na literatura portuguesa. Mia Couto salienta ainda: “do ponto de vista da intensidade, da maneira como ele marcou toda uma geração, inclusivamente os prosadores como eu, ele é uma espécie de marco, de fundamento, é o nosso chão, é o chão da nossa literatura." 

"... Mas põe nas mãos de África o pão que te sobeja
e da fome de Moçambique dar-te-ei os restos da tua gula
e verás como também te enche o nada que te restituo
dos meus banquetes de sobras,

Que para mim
todo o pão que me dás é tudo
o que rejeitas, Europa!"

(Imprecação)

José Craveirinha (1922-2003). "Escritor moçambicano, José Craveirinha nasceu a 28 de Maio de 1922, em Lourenço Marques (actual Maputo), e faleceu a 6 de Fevereiro de 2003, na África do Sul. Filho de pai algarvio cuja família partira para Moçambique em 1908 em busca de fortuna, estudou na escola "Primeiro de Janeiro", pertencente à Maçonaria. Ainda adolescente, começou a frequentar a Associação Africana. Colaborou n'O Brado Africano , que tratava de assuntos de carácter local e que dissessem principalmente respeito à faixa da população mais desprotegida. Fez campanha contra o racismo no Notícias , onde trabalhava, tendo sido o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado. Em 1958, começou a trabalhar também na Imprensa Nacional. Continuou no Notícias até à fundação do jornal A Tribuna , em 1962. Entre 1964 e 1968 esteve preso, em virtude da sua ligação à FRELIMO, mas teve a oportunidade de conhecer na prisão o pintor Malangatana. Começou a escrever cedo, mas a sua poesia demorou a ser publicada. Em Lisboa, a primeira obra a surgir foi Xigubo, em 1964, através da Casa dos Estudantes do Império. A partir de determinada altura, a consciência política do autor passou a reflectir-se em obras como O Grito e O Tambor. Apesar de a sua obra reflectir a influência dos surrealistas, é fortemente marcada por todo um carácter popular e tipicamente moçambicano. A sua poesia possui um carácter social que radica nas camadas mais profundas do povo moçambicano. Escritor de ligações afectivas com Portugal, foi-lhe atribuído o Prémio Camões em 1991 e recebeu condecorações dos presidentes de Portugal e de Moçambique, Jorge Sampaio e Joaquim Chissano respectivamente. Vice-presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, escritor galardoado com o prémio "Vida Literária" da Associação de Escritores Moçambicanos, foi homenageado no dia 28 de Maio de 2002, na sequência da iniciativa do governo moçambicano em consagrar o ano de 2002 a José Craveirinha."
(in http://www.wook.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

24 fevereiro, 2015

ALMEIDA, Fortunato de - HISTORIA DAS INSTITUIÇÕES EM PORTUGAL. Por… Bacharel formado em Direito, professor do Lyceu Central de Coimbra, socio do Instituto da mesma cidade e da Sociedade de Geographia de Lisboa. Coimbra, Imprensa Academica, 1900. In-8.º (22cm) de 224 p. ; E.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor ao filólogo, escritor e pedagogo, Francisco Adolfo Coelho.
Fortunato de Almeida (1869-1933). "Foi um “distinto professor do ensino liceal e grande historiador. Consagrou toda a sua vida ao estudo e ao ensino, legando uma obra de alto mérito, que evidencia o seu trabalho de mestre e investigador. Para além da sua atividade de docente, concebeu uma valiosa obra historiográfica, dando continuidade ao trabalho de Alexandre Herculano e de Henrique da Gama Barros, seus mestres.”
(Fonte: infopédia)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Lombada algo cansada; miolo excelente.
Invulgar.
Indisponível

23 fevereiro, 2015

OLIVEIRA, Joaquim Brito Leal de - A COLÓNIA PRISIONAL DE ALCOENTRE (monografia). Por... Lisboa, Direcção Geral dos Serviços Prisionais, 1957. In-4º (24cm) de 70, [2] p. ; mto il. ; B. Separata do n.º 1 do B. A. P. I. C.
1.ª edição.
Ilustrada com uma planta topográfica, mapas, gráficos e fotogravuras nas páginas do texto.
Monografia muito completa acerca da Penitenciária de Alcoentre: as suas instalações; o trabalho prisional (agrícola e oficinal); a assistência aos presos (religiosa, social e clínica) ; a instrução; educação; actividades de recreio; as sanções disciplinares; evasões; a liberdade condicional, etc.
"A Colónia Prisional de Alcoentre está situada junto da povoação de Alcoentre, palavra derivada do árabe «al-canaitra», diminutivo de «Al-cantara», que significa «ponte pequena». [...]
A medida tomada pelo Governo da Nação, através do despacho ministerial de 24 de Dezembro de 1931, proibindo o envio de degredados para o Ultramar, trouxe um problema que exigia urgentes providências.
O desaparecimento do cumprimentos da pena de degredo no Ultramar implicava uma solução sucedânea que permitisse absorver a grande massa dos criminosos condenados naquela pena ainda existente no nosso Código Penal. [...]
Certamente, em Portugal, a criação duma Colónia Penitenciária resultou, não apenas da pretensão de tentar uma experiência, mas também da necessidade imperiosa de resolver tão magno problema. Por isso mesmo, o Decreto n.º 20.877, de 13 de Fevereiro de 1932, estabelece nos seus artigos 2.º e 3.º : - «É autorizado o Governo a organizar uma Colónia Penitenciária na povoação de Alcoentre, concelho de Azambuja, em que os condenados a prisão maior cumprirão a pena em regime de trabalho agrícola, ou predominantemente agrícola»."
(excerto do texto, Síntese histórica)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Rubrica de posse na f. rosto.
Invulgar.
Indisponível

21 fevereiro, 2015

COLAÇO, Jose Daniel – VIAGEM DE SUA MAGESTADE EL REI O SENHOR DOM FERNANDO A MARROCOS, SEGUIDA DA DESCRIPÇÃO DA ENTREGA DA GRÃO CRUZ DA TORRE E ESPADA AO SULTÃO SID MOHAMMED, POR… DEDICADA Á SOCIEDADE DE GEOGRAPHIA DE LISBOA. Tanger, Imprensa Abrines, 1882. In-8º (19cm) de vi, 122, [4] p. ; B.
Livro impresso em Tanger.
1.ª edição, da 1.ª obra impressa nesta antiga possessão portuguesa, e em português.
“Tendo o Snr. G. T. Abrines, depois de lutar com obstáculos de toda a espécie, conseguido instituir em Tanger um prelo, com o qual deo começo a provas impressas das mais requeridas nas Legações e Consulados, e nas officinas comerciaes que d’antes tinham de recorrer á Europa para a impressão dos seus documentos, concebeu o Snr. Abrines a ideia de assignalaro debute do seu útil empreendimento pela publicação d’um pequenino livro que ao número limitado de paginas, reunisse a qualidade de narrar um desses salientes factos que nos povos cultos prendem a atenção dos espiritus ilustrados para os destinos desta importante região do continente africano.
Lembrou-se para este fim o Snr. Abrines de formar esta primeira produção da sua nascente Imprensa, pela compilação d’umas folhas soltas que em 1856 viram a luz em Lisboa na revista hebdomadária intitulada Archivo Universal sob o nome de viagem de S. M. O Snr. D. Fernando á Africa. […] Dadas estas circumstancias é de toda a oportunidade para assumpto do primeiro livro que apparece publicado em Marrocos, a escolha da viagem d’um Rei Portuguez a esta terra tão ligada ás nossas gloriosas tradições, accedi gostoso e até com enthusiasmo ao pedido do Snr. Abrines; e digo com enthusiasmo porque a ideia de que a primeira publicação a sahir em Tanger, fosse feita em lingoa portugueza, e de que a obra, embora pequenina e de nenhum mérito literário, posesse em relevo o exemplo que aos exploradores e viajantes africanos dera um Principe que o povo portuguez extremece, e que todo o mundo venera pelas suas grandes virtudes e enciclopédica cultura, assim como pela sua relevantíssima qualidade de rei-artista e animador das sciencias, das letras e das artes…”
(excerto da introdução do autor)
“Chegou Sua Magestade á Bahia de Tanger nos últimos dias do mez de maio de 1856, tendo feito participar ao cônsul geral portuguez naquelle paiz que, tencionando para sua comodidade guardar o mais rigoroso incógnito, não desejava ser recebido com as demonstrações, festejos e mais ceremonias, que a sua pessoa requeria. […]
O incógnito só podia ser nominal. Aquelle povo, como todos os já visitados, sabia perfeitamente qual era a categoria do viajante, que o vapor Mindello levava a bórdo: eram bem naturaes,pois, a curiosidade e enthusiamo que o animavam, ao receber pela primeira vez um herdeiro d’aquelles a cuja corôa pertencêra aquella parte da Africa, em epocha não muito distante.”
(excerto do texto)
Exemplar por abrir, em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

20 fevereiro, 2015

FREITAS, Padre Senna - PERFIL DE CAMILLO CASTELLO BRANCO. Nova edição  auctorisada pelo auctor. Porto, Livraria Internacional de Ernesto Chardron : Casa editora Lugan & Genelioux, Successores, 1888. In-8º (18,5cm) de 151, [5] p. ; E.
Retrato de Camilo traçado por Sena Freitas. No final do livro, são reproduzidas as cartas dirigidas por Camilo ao autor.
"Isto não é o que se chama uma biographia. Não se faz a biographia d'um homem em vida d'elle.
O retrato exige a presença do retratado; a biographia, pelo contrario, suppõe o véo da mortalidade interposto entre aquella e o personagem por ella historiado. O meu personagem não sahiu por ora de scena, felizmente; o panno está ainda em cima; contenhâmo'nos.
O que se offerece ao leitor é o contôrno rapido d'um enorme vulto litterario, delineado por um dos seus cultores. É a anthropologia, ou o duplo perfil physico e moral d'um amigo tracejado por um amigo, mas por um amigo independente."
(excerto da introdução, Pouco mais de duas palavras)
Matérias:
Pouco mais de duas palavras.
I - A minha primeira visita a Camillo. II - O homem physico. III - O homem de sentimento. IV - O homem intellectual. V - Como se maneja uma lingua. VI - As crenças de Camillo. VII - Talvez por um equivoco!
Cartas de Camillo Castello Branco dirigidas ao auctor.
José Joaquim de Sena Freitas (1840-1913). Natural de Ponta Delgada, Açores. "Foi um sacerdote, orador sacro e polemista português. Publicou um extenso conjunto de obras, a maior parte sobre questões religiosas e de moral. Manteve intensas polémicas com diversos intelectuais e jornalistas portugueses e brasileiros.” Faleceu no Rio de Janeiro.
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta frontal e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

19 fevereiro, 2015

MACEDO, Jozé Agostinho de - SERMÃO NA FESTIVIDADE DA INSTITUIÇÃO DA REAL ORDEM DE SANTA IZABEL, CELEBRADA NA IGREJA DE S. ROQUE, NO DIIA 24 DE SETEMBRO DE 1805, ESTANDO PRESENTE A PRINCEZA HOJE RAINHA NOSSA SENHORA, SUAS ALTEZAS, A CORTE, &c. &c. &c. PREGADO POR... PRESBYTERO SECULAR, E PREGADOR DE SUA MAGESTADE. LISBOA, NA TYPOGRAPHIA ROLLANDIANA, 1819. Com Licença da Meza do Desembargo do Paço. In-8.º (14,5 cm) de 37, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Apreciado sermão do padre José Agostinho de Macedo. Pregado em 1805, apenas viria a ser publicado em 1819, como faz questão de referir no final JAM, "achava-se licenciado para a impressaõ desde 7 de Agosto de 1807; mas diversas circunstancias impediraõ até agora a sua publicaçaõ pela imprensa".
"Muito Alta, e Muito Poderosa
Princeza, e Senhora Nossa:
Descobrir, e admirar a virtude sentada em o Throno Portuguez, ou reconhecer e adorar a imagem desta mesma virtude em cada huma de nossas Soberanas, desde os principios desta Monarchia, he ajuntar hum brado aos testemunhos irrefragaveis dos Annaes, e Fastos do Imperio Lusitano. Estendo, e alongo a vista pelos seus limites, e em toda a parte vejo monumentos levantados á Religiaõ por aquellas mesmas mãos, que sustentáraõ o Sceptro."
(Excerto do sermão)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas com defeitos.
Raro.
Indisponível

17 fevereiro, 2015

ANTUNES, João - A HIPNOLOGIA TRANSCENDENTAL : o hipnotismo e a sugestão. Introdução do Dr. Raul de Oliveira Leal. Lisboa, Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira, 1913. In-8.º (19 cm) de 220, [4] p. ; B. Colecção "Psicologia Experimental", III
1.ª edição.
Os problemas modernos e as Sciencias Antigas. A Hipnologia e a Magnetologia. O Transcendentalismo operatorio. A transmissão do pensamento. O desdobramento da personalidade. A estigmatização e a hematidrose. O «envoutelement». Os fantasmas. «Maisons hantées». O magnetismo pessoal, a irradiação do pensamento e da vontade. A hipotese espirita. A hipotese positivista.
"A presente obra não tende a solucionar uma tese. Acima de tudo é uma serie de hipoteses e documentos concatenados pela logica da dedução. O agrupa-los sob o aspecto hipnologico significa o intuito de seria-los num criterio o mais naturalista possivel.
Hipno-magnetologos, teosofos, dinamistas, hilomorfistas e em geral todas as escolas, que tentam desvendar o cripto-dinamismo cosmico são concordes em aceitar a existencia duma força unica, que agita o Universo e, qual Proteu antigo, se modaliza nas mil e uma fórmas da energia universal."
(excerto da apresentação)
Indice
:
- Introdução (A teoria do Vertiginismo e a sua amplitude filosófica). - Os problemas modernos e as Sciencias Antigas. - A Hipnologia e a Magnetologia. - O Transcendentalismo operatorio. - Perante a critica. - A Hipotese espirita. - A Hipotese positivista. 
João Antunes (1885-1956). Advogado e Professor, nasceu em Lisboa em 10 de Fevereiro de 1885. “Escreveu com rara inteligência, um conjunto apreciável de artigos (em revistas) e livros, sobre "conhecimentos que pela sua natureza se não devem vulgarizar". Trata-se, evidentemente, de temas ligados ao ocultismo (na sua versão primitiva, via Papus), cabalismo, esoterismo, teosofia, martinismo, teurgia, templarismo, maçonaria, carbonarismo, etc. Mas foi, particularmente, um grande mentor do pensamento teosófico, quando este estava ainda (por cá) no seu começo, tendo sido um dos fundadores (e primeiro presidente: até 1924?) da Sociedade de Teosofia de Portugal [STP], nascida em 1921."
(Fonte: http://almocrevedaspetas.blogspot.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

16 fevereiro, 2015

ALMEIDA, Carlos Pinto d' - A CONQUISTA DE LISBOA : romance historico. Por... Lisboa, Typographia do Panorama, 1866. In-8º (20,5cm) de 275, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Romance histórico tendo como pano de fundo o reinado de D. Afonso Henriques.
"A dez legoas da cidade do Porto pelo rio Douro acima, e a quatro legoas abaixo de Lamego, a naturesa caprichosa levantou sobre a margem d'aquelle rio um monte bastante elevado, e que ainda é hoje reconhecido pelos povos convisinhos, pelo Monte-de Muro.
Entre os Soutos do Crasto e Arouca, na parte mais elevada, chamada o Peneval, do lado norte, tem origem um regato, que denominam Bestança. Este rio, ou regato, correndo pelo espaço de duas legoas de sul ao norte, entre os Concelhos de Ferreiros, Tendães e Sinfães, vae confundir-se com as aguas do Douro, que altivas e imponentes se vão perder no Oceano.
Na margem direita d'este regato, e a uma legoa abaixo da sua origem, ainda se vê a torre ou castello da Cham, antigo solar da familia dos Sousas Pintos, uma das mais nobres e antigas de Portugal. [...]
Estamos no dia 10 de janeiro de 1144. Dez horas da noite acabam de soar na torre alvarran do nobre solar de Cham. N'uma vasta sala lageada, apenas guarnecida por alguns escabellos e cadeiras de espalda, cobertas de couro e tauxeadas de amarello, passeia um mancebo de estatura mais que mediana. Seus cabellos louros e annellados caem-lhe graciosamente sobre os ombros. Os olhos são de um azul celeste tão expressivo, que lhe dão bellesa e uma certa expressão de ternura, que muito bem lhe assenta. A sua fronte é larga e majestosa, pelo que pode inspirar confiança aos caracteres mais desconfiados.
É finalmente o typo genuino d'esses guerreiros, que no seculo quinto invadiram a Europa, espalhando-se e confundindo-se com os povos das nações, que obdeciam á antiga Senhora do mundo."
(excerto do Cap. I, A Declaração)
Carlos Pinto de Almeida (1833-1891). Foi um escritor português. Distinguiu-se na produção de romances históricos – género literário em voga na época - onde atingiu projecção de relevo.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa frágil, com defeitos. Mancha de humidade antiga junto à margem direita, nas primeiras folhas do livro.
Invulgar.
Indisponível

15 fevereiro, 2015

SAINT-AGEN, Adrienne - AMANTES FEMININOS. Romance de aventuras galantes. Traducção de Luiz Cardoso. Lisboa, Typographia Lusitana Editora, 1909. In-8º (18,5cm) de 160, [2] p. ; [3] f. il. ; E. Colecção Galante Ilustrada, XXXX
1.ª edição portuguesa.
Ilustrada com belíssimas e sugestivas gravuras intercaladas no texto.
Romance erótico cujo tema é a homosexualidade.
"Todo azul, semelhante a um ceu do Oriente, com as paredes forradas de setim com reflexos de nuvens, o delicioso boudoir offerecia o triste espectaculo de uma interrupção subita na sua serena intimidade. Cadeiras desarrumadas, destroços de esculptura, entre os quaes emergiam flores arrancadas das jarras, juncando o solo, revelavam uma lucta recente, um coque formidavel nos moveis lindos e elegantes.
Uma mulher furiosa, mutilando as pallidas rosas, encarniçara-se em quebrar, em despedaçar, a fim de não succumbir á sua dolorosa colera.
Paloma Aguardès torcia-se sobre o divan azul soluçando desesperadamente; a bocca crispava-se-lhe de soffrimento, as fulgurações de animal perseguido e revoltado, mergulhadas nas lagrimas de uma limpidez crystalina causavam um fremito.
- Oh! disse ella, erguendo-se soberba de belleza e de elegancia, ousou!... oh! hei de vingar-me!..."
(excerto do Cap. I)
Encadernação artística em tela recoberta de fantasia de madrepérola com cercadura dourada nas pastas e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado à cabeça. 
Raro.
Sem indicação de registo na Biblioteca Nacional (BNP).
Indisponível

14 fevereiro, 2015

SILVA, Fernando Emygdio da – OS CINQUENTA ANOS DA FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA (1913-1963). Lisboa, [s.n. – Comp. e imp. na Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra], 1964.
In-4.º (24cm) de 17, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Alocução proferida na Faculdade de Direito de Lisboa, em 10 de Janeiro de 1964. Na Sessão Solene Comemorativa do Cinquentenário da Fundação da Faculdade, e em virtude de o autor haver pertencido ao primeiro quadro dos seus professores.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

12 fevereiro, 2015

BASTOS, Leite - O HOMEM DAS MEIAS DE SEDA. Scenas da vida de Lisboa. Numero I. Lisboa, Typographia e Lithographia Portugueza, 1882. In-8º (19cm) de 32 p. ; B. Col. Prozas da Vida Alegre, I
1.ª edição.
Novela de costumes.
"Temos a flôr do caixeiro da baixa, mas sem espirito de ouvido nem maneiras de academia de dansa.
Um verdadeiro prodigio!
Veste do Keil, calça do Stelpflug, perfuma-se no Baron, tem sempre uma formosa camelia para collocar na carcella do seu fraque de domingo, charutos dos mais escolhidos para si e para os amigos, vive como um Kédiva rodeado de mulheres, de costumes faceis, gasta como um principe, e o que é mais prodigioso, o que lhe dá sobre todos os seus collegas uma superioridade incontestavel, é a circumstancia de não usar meias... que não sejam de seda!"
(excerto do Cap. I, O heroe)
Francisco Leite Bastos (1841-1886). “Jornalista, autor de contos e romances policiais, dramas e comédias, nascido a 17 de setembro de 1841, em Lisboa, e falecido a 5 de dezembro de 1886, na mesma cidade. Gozou, no seu tempo, de um relativo êxito popular. Colaborou no Diário de Notícias e em vários jornais literários. Deu sequência ao Rocambole, de Ponson du Terrail, em Maravilhas do Homem Pardo. Toda a sua obra jornalística e literária se pauta pela crítica de costumes.”
(in http://www.infopedia.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com falha de papel nos cantos superiores.
Raro.
Indisponível

11 fevereiro, 2015

MELLO, Carlos de - OTO-RINO-LARINGOLOGIA EM CAMPANHA E NA PRÁTICA CIVIL (Tése de Concurso). Trabalho da 1.ª Clínica Cirúrgica da Universidade de Lisboa : Serviço do Professor Francisco Gentil. [S.l.], [s.n. - Typ. «A Editora L.da», Lisboa], Setembro de 1916. In-4º (25cm) de 54, [2] p. ; B.
1.ª (e única) edição.
"O problema  da assistência médica aos feridos da guerra é devéras importante para o nosso país, que vae cooperar eficazmente com os aliados nos campos de batalha da Europa, necessitando portanto de um bem organisado serviço de saúde, que inspire a todos os combatentes, desde o simples soldado ao oficial, uma justificada confiança. [...]
O processo até hoje usado de promover os medicos-reservistas a alferes-milicianos e dar-lhes durante dois mêses uma instrucção(!) consistindo essencialmento no estudo de regulamentos militares, leitura de cartas do Estado-Maior, equitação e esgrima apenas poderá servir para exemplo (mais um exemplo) da desorientação nacional, doença crónica e antiga de que Portugal necessita, de uma vez para sempre, libertar-se. Dois mêses de equitação o mais que podem produzir é maus cavalleiros; dois meses de esgrima maus esgrimistas... Mas, não vale a pena criticar o que se tem feito, mesmo quando a ridiculez do caso mereça um risinho amargo de ironia.  Não é o que se tem feito, mas o que se deve fazer, a questão que nos ocúpa. O que se deve fazer, não para organisar e instruir um corpo de médicos militares, que quasi não ha, mas para improvisar, de um momento para o outro, os serviços médicos de que os nossos expedicionários para França necessitarão.
Os serviços médico-cirurgicos na zona de fogo, propriamente dita, isto é, até 12 ou 15 kilometros a partir da linha de combate para a rectaguarda, não nos interessam, como oto-rino-laringologista. Esses serviços, segundo é voz corrente, vão ser desempenhados pelos médicos militares de carreira, que assim pretendem demonstrar não serem apenas médicos militares em tempo de paz, que assim procuram dignificar a sua classe e honrar os seus galões. Desempenhados pois os serviços de pensos e de intervenções de extrema urgencia pelos médicos militares no activo, resta-nos escolher o pessoal para os hospitais chamados de evacuação e para os hospitais de rectaguarda."
(excerto do Cap. I)
"Os caractéres tão especiais da guerra moderna tiverem, entre outras, a consequencia de tornar muito frequentes as lesões traumaticas da cabeça. São os traumas crânianos aqueles que, sem dúvida, em mais larga escala contribuem para a morte no campo de batalha. São eles egualmente que, em multiplas circunstancias, predominam nas ambulancias e nos hospitais. Não é pois de admirar que a oto-rino-laringologia, cujos domínios se encontram quasi exclusivamente limitados á extremidade cefálica, tenha adquirido na presente guerra uma importancia primacial. Sem ter em consideração as doenças da garganta, ouvidos e nariz, que as condições da guerra tornam tão frequentes e por vezes, tão graves, a situação exposta a todos os insultos traumaticos, do nariz e do aparelho da audição explicaria, por si apenas, o numero consideravel de feridos d'essas regiões. Assim a oto-rino-laringologia é actualmente uma das especialidades cirurgicas de maior categoria, permitam-nos o termo, e egualmente uma das especialidades, que, pelos seus processos e tecnica privativos, mais necessita de um pessoal perfeitamente habilitado.
É certo que a adopção de capacêtes metálicos em França fez diminuir de 30% a percentagem de feridas na cabeça; por isso mesmo, seja dito de passagem, bem desejariamos que o uso de tais capacêtes fosse obrigatorio no exercito português."
(excerto do Cap. II)
Matérias:
Capítulo I
[Introdução]
Capítulo II
- Importancia da oto-rino-laringologia na guerra. - Capacêtes metálicos. - Ferimentos do pescoço. - Traumatismos da laringe. - Serviço militar e tuberculose. - Traumatismos da face. - Tratamento das feridas das partes moles da face. - Traumas profundos da face. - Infecção e contaminação de feridas. - Probabilidade de infecção das feridas segundo o projectil. - Feridas infectadas da face. - Enfisêma facial. - Traumatismos do nariz. - Hematomas nasais. - Epistaxis. - Meios de diagnostico. - Terapeutica dos traumas nasais. - Fracturas da base craniana e fossas nasais. - Resumo dos traumatismos nasais. - Traumatismos do pavilhão auricular. - Traumatismos do conduto auditivo. - Sintomas auditivos das fracturas da base do crânio. - Surdez. Exame funcional da audição. - Saída de sangue e liquido céfalo-raquidiano pelo ouvido. - Fracturas da base crâniana interessando o labirinto. Sindroma de Ménière. - Nistagmo labiríntico. - Nistagmos labiríntico e oftalmico. - Pesquiza do nistagmo. - Vertigem. - Perturbações do equilibrio. - Angulo de quéda. - Nistagmo, perturbações do equilibrio e vertigens de origem labiríntica e cerebelosa. - Evolução das lesões labirínticas. - Comoção labiríntica. - Anatomia patologica. Etiologia. - Sintomatologia. - Evolução. - Nevrose de Ménière e ménièrismo. - Lesões do tímpâno nas fracturas do temporal. Régras de terapeutica. - Perigo de infecção do encéfalo. - Hémato-tímpâno Terapeutica. - Terapeutica geral das lesões labirínticas. - Vertigem crónica. Tratamento. - Nevrite acústica por um som interno e súbito. - Nevrite acústica profissional. - Surdez histérica. - Surdez por lesões encefálicas.
Capítulo III
- Fractura dos maxilares. - Cooperação da medicina, cirurgia e especialidades. - Corpos estranhos. - Complicações das otites, sinusites, etc. - Oto-rino-laringologia na guerra. - Unificação da terapeutica em campanha. - Unificação da terapeutica no exercito português. - Investigação sciêntífica na guerra. - Simulação de surdez. - Questões de reforma. - Dominios da oto-rino-laringologia na guerra. Improvisação dos médicos. - Ensino da oto-rino-laringologia em Portugal. 
Carlos de Melo (1888-1933). “Nasceu em 1888 e faleceu em Vidago em 16.8.1933. Foi professor da Faculdade de Medicina de Lisboa. Formando se em Medicina aos vinte e um anos de idade, seguiu para o estrangeiro, a fim de se especializar em doenças de nariz, ouvidos e garganta. Quando regressou, o seu nome não tardou a alcançar fama aliás merecida, em face das difíceis operações que realizou com êxito. Clínico de valor e operador habilíssimo, a sua opinião era sempre acatada como definitiva. Em 1916 concorreu, como professor livre de otorinolaringologia, à Faculdade de Medicina de Lisboa, alcançando o lugar. Dois anos depois tomava posse da cadeira, mas já sem concurso, visto o Conselho Escolar lhe ter reconhecido méritos inconfundíveis como catedrático. A sua maneira de ensinar era intuitiva e a sua argumentação viva e brilhante como o demonstrou exuberantemente em concursos e em sessões da Sociedade de Ciências Médicas, que frequentava quando na ordem da noite figuravam assuntos da sua especialidade. Publicou numerosos trabalhos em revistas médicas portuguesas e estrangeiras, tendo editado, em livro, o estudo Otorinolaringologia em campanha e na prática civil, que elaborou [antes de integrar] o C.E.P., em França e em que, por vezes, é acérrimo na crítica. O prof. Dr. Carlos de Melo dirigiu a clinica de otorinolaringologia da Faculdade de Medicina de Lisboa, onde também exerceu, durante alguns meses, o cargo de secretário. Também foi director do Hospital Escolar de Santa Marta. Era sócio titular da Sociedade de Ciências Médicas, membro do Instituto de Coimbra e condecorado com a comenda de Santiago.”
(in http://www.dodouropress.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Falha de papel no canto inferior esquerdo, junto à lombada.
Raro.
Indisponível

10 fevereiro, 2015

BEM, Mendo (Moniz de Bettencourt) - INSULARES. Contos e Historias. [Prólogo de Augusto Loureiro]. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1907. In-8.º (18,5cm) de 160, [2] p. ; E. Colecção Antonio Maria Pereira, 61
1.ª edição.
Livro de contos e narrativas tendo a mulher açoriana e os Açores como pano de fundo.
"Rosaria era uma pobre rapariga.
O pae, o Manuel Mendes, fôa ferido por um ar, e jazia, dia e noute, ao canto da lareira, com a bocca torcida, a fala balbuciante, e o braço e a perna direita discaídos, inertes, como se os assombrara o fogo de um raio.
A mãe, essa mal ouvira os doces vagidos da sua filha pequenina, tenra, quando uma febre puerperal, a levára, dois dias após o parto, a repousar no modesto cemiterio da aldeia.
Assim, Rosaria, não tivera, desde a meninice, esses cuidados e affagos, proprios de uma terna mãe, que nada ha a substituil-os n'este mundo de Deus."
(Excerto do conto, Rosaria)
Francisco Joaquim Moniz de Bettencourt (1847-1905). “Poeta e Contista. Assinou a obra com o pseudónimo de Mendo Bem. Feitos os estudos primários e secundários, parte em Angra do Heroísmo e parte em Coimbra, abraçou a carreira de funcionário da Fazenda Pública, desempenhando funções em Angra, Ponta Delgada e Funchal e vindo a ascender à categoria de Delegado do Tesouro. Em 1880 seguiu para o Continente e esteve em Lisboa, Porto, Guarda e, por fim, Évora. Estreou-se nos periódicos da terra natal (1868-80), fundando, de parceria com António Gil e Augusto Ribeiro, o Almanaque Insulano (1874-75). Tem vasta colaboração dispersa em jornais dos Açores (destacam-se A Persuasão e A Actualidade) e do Continente (sobretudo, o Correio Português e o Distrito da Guarda). Dedicou-se à crónica jornalística, ao ensaísmo literário e ao conto, mas foi sobretudo na poesia que veio a distinguir-se. Poeta essencialmente lírico, de um lirismo bucólico e romântico, a sua obra acusa a tendência para um certo convencionalismo de temas e formas poéticas. São inegáveis a espontaneidade e a delicadeza de alguns dos seus versos, escritos em linguagem simples e vazados em ritmos de sabor clássico. O encantamento sentimental pela paisagem das ilhas é nele dominante. Procurou contribuir para uma literatura de temática regionalista, como também foi pretensão de Augusto Loureiro e Ernesto Rebelo, mas, sem grandes inovações, manteve-se demasiado preso a uma estética romântica de motivos convencionais. A sua prosa ficcional não ultrapassou o retrato circunstancial da vida insular, em quadros onde as personagens carecem de funda densidade psicológica.”
(Manuel Cândido Pimentel (Jan.1999), in www.culturacores.azores.gov.pt)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Capas levemente manchadas.
Muito invulgar.
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