31 maio, 2015

COIMBRA, Leonardo - A ALEGRIA, A DÔR E A GRAÇA. Porto, Edição da «Renascença Portuguesa», [1916]. In-8.º (17cm) de 325, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor ao poeta Vaz Passos.
Edição original daquela que é considerada, por muitos, a obra maior de Leonardo Coimbra.
"As almas verídicas (porque ha aparencias, esboços d'alma) nutrem-se dum unico alimento - o absoluto.
Procurar a substancia, o intimo das cousas, o que é, para além do que aparece, eis a ansiosa tarefa das almas.
O homem comum vive numa concha, formada dos seus habitos, deposito dum secular arranjo social.
Não se interroga, não pressente que, em torno dessa concha, marulha um infinito Oceano, removido de infinitas actividade e fórmas.
No entanto, ele mesmo acredita na absoluta solidez da sua concha, ele mesmo tem um direito e um dever. E quem deve, crê na singular excelencia do seu dever.
Por maior que seja o circulo do septicismo, alguns pontos solidos, alguns nucleos de realidade se encontram donde em onde, inexpugnaveis e serenos, sob o embate vertiginoso da duvida.
Entre eles, elevado e rutilo, como no meio dum oceano brumôso, soberba Montanha de verdes pâmpanos e poeiras de Sol, abre em asa o Píncaro da Alegria.
Nenhuma expressão mais clara, mais viva, mais fresca, mais originaria e directa que a Alegria!
Tão directa que quasi não é expressão!"
(excerto de A Alegria)
Leonardo Coimbra (1883-1936). Professor, orador, político e filósofo português. “Leonardo José Coimbra nasceu na Lixa (Borba de Godim), concelho de Felgueiras, em 29 de Dezembro de 1883, filho do Dr. António Inácio Coimbra, médico, e de D. Bernardina Teixeira Leite Coimbra.
Fez os estudos secundários no Colégio do Carmo, em Penafiel, e posteriormente frequentou a Universidade de Coimbra, a Escola Naval de Lisboa, a Academia Politécnica do Porto e o Curso Superior de Letras.
Leccionou em diversos liceus: no Liceu Central, no Porto (1910-1911); no Liceu Eça de Queiroz, da Póvoa de Varzim (1912-1913); nos Liceus Rodrigues de Freitas e Sampaio Bruno, do Porto (1914-1918); no Liceu Gil Vicente, de Lisboa (1918-1919). Leccionou, também, na Universidade Popular da Póvoa de Varzim (de 27 de Dezembro de 1913 a 8 de Abril de 1914) e na Universidade do Porto (de Abril a Maio de 1914). Mas a sua principal actividade pedagógica foi a que exerceu de 1919 a 1931 como professor catedrático e director do grupo de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, por ele fundada quando Ministro da Instrução Pública, em 1919, de que também foi Director. Com a extinção da Faculdade de Letras do Porto, regressou ao Liceu Rodrigues de Freitas (1931-1936).
Entre 1911 e 1912 dirigiu o Colégio dos Órfãos de Braga. Neste último ano, fundou a Renascença Portuguesa. Professor Filósofo, criador de "O Criacionismo" (Esboço de um Sistema Filosófico), publicou cerca de vinte livros entre 1912 e 1935.
Em 1913, filiou-se no Partido Republicano Português e aderiu à Maçonaria. A filiação neste partido cessou em 1925 quando aderiu à Esquerda Democrática, onde fez propaganda a favor da intervenção de Portugal na Primeira Grande Guerra. Em 1918, durante o Sidonismo, esteve preso.
Foi eleito deputado ao Parlamento por Penafiel (Maio de 1919) e pelo Porto (Janeiro de 1922) e, por duas vezes, foi Ministro da Instrução Pública. A primeira, entre 2 de Abril e 28 de Junho de 1919, a segunda, de 30 de Novembro de 1922 a 8 de Janeiro de 1923.
Nos finais de 1935 converteu-se à Igreja Católica, casou e baptizou o filho. Faleceu a 2 de Janeiro de 1936, no Porto, três dias depois de um despiste de automóvel na descida da Serra de Baltar.”
(Texto de Maria de Fátima Coelho Videira, 2008, in https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?P_pagina=1000779)
Belíssima encadernação em meia de pele com nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado à cabeça, com o corte das folhas carminado. Capa posterior apresenta falha de papel no canto inferior direito.
Raro.
Indisponível

30 maio, 2015

DUPONT, Marcel - SABRE AU POING! : dix combates de cavalerie. Avec trois croquis hors texte. Préface du Général Weygand. Paris, Éditions Berger-Levrault, 1931. In-4º (25,5cm) de [2], VI, 196, 4 p. ; [3] desd. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com 3 croquis desdobráveis em folhas separadas do texto.
Edição original (em francês) desta obra que contém 10 episódios protagonizados pela Arma de Cavalaria francesa durante a Grande Guerra. Foi traduzida para português, e publicada no Brasil com o título «Mais uma carga camaradas!», tendo conhecido várias edições nos anos 30.
"Ce récit de dix combats de cavalerie est présenté simplement , sans recherche d'effets, mais avec un entrain, une sensibilité, un souci d'exactitude tels qu'il se lit avec autant d'attrait que d'émotion.
Une fois la connaissance fait avec les personnages, avec la mission qui les sort du range et sera le fil conducteur de leur entreprise, c'est un réconfort de sentir si étroitement unis les héros de ces glorieux faits d'armes, officiers et cavaliers, de vivre avec eux les dangers courus, les fatigues endurées, les difficultés vaincues, les décisions prises, et de constater les résultats obtenus."
(excerto do prefácio)
Matérias:
- Charge du peloton Roman à Vance (7 août 1914). - Un peloton du 32ᵉ dragons à Fraiture (8 août 1914). - La charge du lieutenant Saison à Mittersheim (19 août 1914). - La charge de l'escadron La Taille à Landres (22 août 1914). - La fin de l'escadron de Gironde (9-10 septembre 1914). - Cinq jours de reconnaissance dans les lignes allemandes. - Reconnaissance et charges du sous-lieutenant Rozoy à Chérisy (29 septembre 1914). - Le 4º escadron du 10ᵉ chasseurs le 30 mai 1918. - Le 1ᵉʳ escadron du 7ᵉ hussards à Mareuil (22 août 1918). - A la manière de Lasalle. Nos cavaliers enlèvent Naplouse (21 septembre 1918).
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas com defeitos, manchadas de humidade; miolo em bom estado. 
Invulgar.
10€

29 maio, 2015

LIMA, Jorge de - INVENÇÃO DE ORFEU. [Prefácio de João Gaspar Simões]. Rio de Janeiro, Livros de Portugal, S. A., 1952. In-8.º (19,5cm) de [2], XX, 431, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor a Jaime Zuzarte Cortesão Casimiro. Acompanha o livro uma fotografia de Jorge de Lima, autografada e datada (1945).
"Considerado pelo colega "Mário Faustino “o maior, o mais alto, o mais vasto, o mais importante, o mais original poeta brasileiro de todos os tempos", Jorge de Lima demonstrou toda a sua ambição artística em Invenção de Orfeu (1952), onde, também segundo Faustino, estão “alguns dos mais altos e dos mais baixos momentos da língua poética luso-brasileira.
Invenção de Orfeu é inquestionavelmente obra de grande fôlego na poesia nacional contemporânea. Poema em dez cantos, compostos de metros variados, descreve uma viagem, como a de Dante na Divina Comédia, ao Inferno e ao Paraíso — mas une outras epopéias na sua composição, como Os Lusíadas, de Camões, além de elementos da Bíblia e da sociedade brasileira; tudo alinhavado pela presença de Orfeu, herói mitológico que encantava deuses e mortais com sua lira. Por isso, essa “biografia épica", como explicita o autor no subtítulo, também é definida por alguns por meio de uma contradição: “epopéia lírica" (a epopéia clássica constituindo a descrição de matéria objetiva, enquanto a lírica deriva da subjetividade). Manuel Bandeira, observando que se trata de um poema “de técnicas e faturas extremamente variadas", afirma que “seu sentido profundo ainda não foi devidamente esclarecido pela crítica e talvez não o seja nunca, pois é evidente haver nele grande carga de subconsciente a par de certas vivências puramente verbais. Como quer que seja, é obra poderosa, onde deparamos com fragmentos de alta beleza, que são em si pequenos poemas completos". Um exemplo: “A garupa da vaca era palustre e bela,/ uma penugem havia em seu queixo formoso;/ e na fronte lunada onde ardia uma estrela/ pairava um pensamento em constante repouso".
Índice:
Prefácio.
Canto I - Fundação da Ilha. Canto II - Subsolo e Supersolo. Canto III - Poemas Relativos. Canto IV - As Aparições. Canto V- Poemas de Vicissitude. Canto VI - Canto da Desaparição. Canto VII - Audição de Orfeu. Canto VIII - Biografia. Canto IX - Permanência de Inês. Canto X - Missão e Promissão.
Marginália.
Jorge Mateus de Lima [1895-1953] nasceu em União dos Palmares, Alagoas, em 1895. O pai era negociante e senhor de engenho. O menino passou os primeiros anos entre a casa-grande da fazenda e o sobradinho da cidade natal, paisagem que iria influenciar seus escritos futuros. Depois dos estudos básicos em Maceió, com os irmãos maristas, iniciou em Salvador o curso de medicina, que concluiu no Rio de Janeiro. Além de exercer a profissão de médico, foi professor de literatura e ingressou na política. Estreou como escritor pela via neoparnasiana, conquistando o título de “príncipe dos poetas de Alagoas". Felizmente, o contato com o Modernismo e com o grupo regionalista do Recife, que contava com luminares como José Lins do Rego e Gilberto Freyre (1900-1987), fez com que ampliasse seu leque formal para ritmos mais variados e tingisse sua lira de preocupações sociais. São dessa época Poemas (1927), Novos Poemas (1929) e Poemas Escolhidos (1932). Abraçando o catolicismo de sua infância, passou a publicar obras religiosamente engajadas, como Tempo e Eternidade (1935, com Murilo Mendes), Túnica Inconsútil (1938) e Anunciação e Encontro de Mira-Celi (1951). O Livro dos Sonetos (1949) marca sua volta à métrica tradicional, mas com uma expressividade que não se encontra em suas primeiras obras. Morreu no Rio, em 1953."
(in  http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/invencao-orfeu-403430.shtml)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
75€

28 maio, 2015

GOMES, A. Sousa - OS FUNDADORES DA CIDADE DO PORTO. Lisboa, [s.n. - Comp. e impressão Tipografia Silva e Ourelo, Lisboa], 1961. In-8º (21cm) de 16 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Estudo histórico sobre a fundação do Porto.
"Na análise das origens da cidade do Porto, que se colige de documentos medievais, cedo aparece o topónimo cividade [o centro da cidade]. Não surge como representando todo o burgo, mas sòmente parte. [...]
No Porto medievo, com o seu castelo e a sua cerca episcopal, havia uma parte, por certo a central, a que chamavam cividade. Quer dizer, o núcleo primitivo fundado pelos romanos, presumivelmente, civitate portus, que veio a ser Portucale, e depois Porto, e que com o tempo se foi ampliando, manteve-se na tradição com o substantivo cividade."
(excerto da introdução)
Matérias:
- Inicial (introdução). - Gregos. - Romanos.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse para a história do Porto.
10€

27 maio, 2015

MEMÓRIA BIOGRÁFICA - DAVID MAGNO : O «MUTU-UA 'NGUZU» DA OCUPAÇÃO DE CACULO CAENDA (Capital dos Dembos) : HERÓI DE LES LOBES (Flandres). [S.l.], [s.n. - Comp., Imp. e Encadernação das Ofic. Gráf. de «O Comércio do Porto»], [1960]. In-4.º (23cm) de 51, [1] p. ; il. ; E.
1.ª (e única) edição.
Tiragem: 700 exemplares.
Contém no verso da f. rosto uma dedicatória autógrafa de Ilda Magno, neta do Cap. David Magno.
Bonita edição, impressa na sua totalidade sobre papel couché, e ilustrada com fotogravuras nas páginas do texto.
                  ........................................................
"Os Dembos eram territórios da maior responsabilidade nas Colónias. Como os do Cuamato, regiam-se por diploma especial. Paiva Couceiro, confiando ao valor de David Magno, já demonstrado no «raid» do Zenza (1908), o Comando Militar de Lombije (Dembos Orientais) em circunstâncias tão difíceis, não podia cometer-lhe a missão de tomar Caculo Caenda, aliás, com cujo potentado ninguém se atrevera ainda. Os concelhos dos peritos colinais, como as notícias respeitantes à animosidade e insubmissão do gentio, eram desoladoras. A banza de Caculo Caenda seria inexpugnável para uma força inferior à estimativa de 200 homens bem armados... O Comandante Militar de Lombije não deveria arriscar-se a tal, deixando semelhante proeza para a projectada coluna de Paiva Couceiro...
A glória que o destino negou a tantos, estava reservada para David Magno."
(excerto de O «Mutu-ua 'Nguzu»...)
                   .........................................................
"A acção de Les Lobes constitui o maior combate formal e a mais longa e dramática resistência, comprovada pelos documentos e pela maior percentagem de baixas por metralhadoras. Cercados pelo fogo cruzado de mil rajadas e sob uma terrífica chuva de morteiros que os vão esfacelar ingloriamente, tentam a retirada sobre uma trave suspensa num dreno largo e profundo, por onde rastejam um a um. Aqui ficaram os últimos mortos e feridos pela infantaria alemã na Flandres. Miguel Marta, morto quando disparava, é o derradeiro. Tinham cinquenta e seis horas de fogo."
(excerto de Les Lobes : última resistência da Batalha do Lys no sector português)
David José Gonçalves Magno (1877-1957). Oficial do exército, publicista e etnólogo português. "Nasceu em Lamego a 17 de Agosto de 1877 e morreu em Lisboa a 30 de Setembro de 1957. Seguiu a carreira militar, sendo promovido a alferes em 22 de Dezembro de 1906. Começou por se distinguir em Angola, ao conseguir avançar para o interior e impor a presença portuguesa na região dos Dembos Orientais. Combateu depois em França, durante a Primeira Guerra Mundial, onde por feitos em combate recebeu a cruz de guerra e a cruz de Cristo com palma. A sua acção no CEP não foi, contudo, consensual e isenta de polémica, pelo que pediu para ser julgado pelas acusações de que foi vítima, tendo sido absolvido e visto confirmados os seus serviços como relevantes. Mais tarde, na sequência da revolta de 3 de Fevereiro de 1927 foi deportado para o Sul de Angola, tendo antes passado pelos Açores e Guiné. Reabilitado foi promovido a major e em 14 de Março de 1932 optou por passar à situação de reserva.Paralelamente à sua carreira militar exerceu intensa actividade literária, sendo autor de diversas obras, algumas das quais escritas com base na sua experiência de guerra, para além de ter sido membro da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, da Revista Militar e da Comissão de História Militar."
(in http://www.ihc.fcsh.unl.pt/pt/recursos/biografias/item/4418-magno-david-jos%C3%A9-gon%C3%A7alves-1877-1957)
Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta frontal. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

24 maio, 2015

ROLIM, Pe. J. - FRANCISCO. Florinhas de Fátima. Funchal, Edição do «Bazar do Povo», 1941. In-8º (19cm) de 190, [10] p. ; [9] f. il. ; B.
1.ª edição.
Piedoso trabalho biográfico do Pe. José Rolim sobre Francisco, o pastorinho vidente. Trata-se da rara edição original publicada no Funchal. Até 1947, publicaram-se em Lisboa duas outras edições.
Ilustrado com 9 bonitas estampas em folhas separadas do texto.
"O livrinho leva o título de Francisco, embora compendie tôda a história das «Origens de Fátima», porque foi êle que o inspirou: pertence-lhe. [...]
E também à Virgem Maria: a Senhora da Conceição de nossos pais e avós, a bendita Padroeira desta Terra Portuguesa, que é sua: Terra de Santa Maria; a Senhora do Rosário de Fátima: a Padroeira de Portugal renovado; e porque não a Fundadora do Estado Novo?
É pois também o seu «livrinho».
(excerto do proémio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

21 maio, 2015

RODRIGUES, Duarte - AOS MONTES HERMINIOS. (Impressões de uma viagem de exploração desportiva na Serra da Estrella organisada pela revista «Tiro e Sport»). Lisboa, Comp. e impr. na Typ. do Annuario Commercial, 1912. In-8.º (22cm) de 135, [1] p. ; [16] f. il. ; B.
1.ª (e única) edição.
Obra ilustrada com 16 fotogravuras em folhas separadas do texto.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
"Não ha ninguem a quem se falle da Serra da Estrella que não conheça a existencia n'ella de qualquer cousa que faz muito bem ás saudes abaladas.
Mas não posso deixar de clamar a attenção para a nossa Serra, dizendo aos meus compatriotas que o dinheiro e a saude que deixam em Badajoz e em outros pontos, póde muito bem ficar no paiz. Vão passar uns dias aos Montes Herminios, gosar as altitudes, trepar, marchar e... respirar.
Além do excellente exercicio muscular que uma digressão a pé offerece a quem não teme as jornadas - e pobre da creatura que não tiver coragem para substituir os sapatinhos de fita com que apparece nas soirées no Casino ou nos bailes da Sociedade Vinhato-Musical, pelas grossas botas cardadas com que grimpámos aos mais asquerosos picos! - tomam visões novas, espectaculos desconhecidos, colhem as melhores lições que a natureza póde dar.
A viagem é o renovador do ser physico e mental, o conservador do equilibrio organico nos seres sãos e d'uma utilidade indispensavel para o tratamento d'uma serie de affecções para que não ha agente no arsenal therapeutico. [...]
Dada ainda a circumstancia de o nosso meio desportivo contar poucos adeptos no trabalho da propaganda com proficiencia technica - e a esse facto se deve attribuir a falta de iniciativa na implantação de alguns desportos no nosso regimen desportivo - com a aggravante ainda de esses elementos de trabalho, pelas suas occupações profissionaes, nem sempre poderem consagrar o tempo e o cuidado ás multiplas questões que sobraçam um movimento na causa, estava no meu animo aproveitar a minha primeira visita á Serra para colher as impressões necessarias a alguma cousa tentar fazer que de commum estivesse com a cruzada a que por enthusiasmo me dedico ha um par de annos.
E espero não dar por perdido o meu tempo, ainda que em vida não veja o que gostaria de vêr fazer em Portugal - alpinismo e desportos de inverno!
Mas poder-se-ha fazer em Portugal qualquer d'estas cousas?
Tentarei demonstral-o n'esta despretenciosa descripção onde, a par das impressões de uma viagem, faço um relato de impressões thecnicas, segundo a minha maneira de vêr, embora que auctoridade me não possa ser attribuida senão... pelo que vi e pelo que li em obras da especialidade que me apressei em mandar vir."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

20 maio, 2015

BEÇA, HUMBERTO - SOB A METRALHA. Episódios da Grande Guerra. Porto, Edição da Escola Secundária de Comércio, [1919?]. In-4º (22,5cm) de 191, [3] p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada com um retrato do autor em extratexto, e bonitos desenhos a acompanhar as letras capitulares no início de cada episódio.
Conjunto de crónicas da Grande Guerra.
"Um episódio!
Quantos? Quantos rasgos de heroísmo, de audácia, de generosidade, de bravura não passaram anónimos, não ficaram desconhecidos na acção individual de cada combatente, nessa luta em que cada soldado foi um patriota, cada patriota um herói e cada herói um gigante, multiplicando fôrças, reunindo energias, na santa emulação de dar pela Pátria a maior sóma do seu esfôrço, a maior porção do seu sangue?
Quantos? Quantos, que acto contínuo pagaram com a própria vida uma acção de temeridade, um rasgo de bravura, que a Pátria coroaria com os loiros da glória, mas que uma bala inimiga coroou antes com as névoas da morte?
Quantos, que com a própria vida sepultaram entre montões de cadáveres, entre charcos de sangue, gestos da mais audaciosa valentia, arrojos épicos que fariam dêles épicos heróis, e por cujo sacrossanto esfôrço ali perdido, cortado pelas rajadas de ferro do inimigo, nem o nome modesto poderão ter entre os de outros bravos que à Pátria tudo deram, perdidos êles, desconhecidos, na amálgama de carne, de terra, de aço, em que os confundiu a derrocada da batalha?
Quantos?!... Quantos!..."
(excerto do texto, Um episódio da guerra)
Índice:
I - Um episódio da guerra. II - Suprema dor. III - A invàsão. IV - O atirador de Verdun. V - Nestheroff. VI - A administração militar francesa bate-se na batalha da Flandres. VII - Ficamos! - 9 de Abril de 1918. VIII - Argolado - Um episódio de 1870. IX - Col-di-Lana. X - A retirada dos Sérvios. XI - A maior dor humana. XII - O blockhaus de Neuve-Chapelle. XIII - A feiticeira de Crignols. XIV - A morte do sudanês. XV - Kultur! XVI - Portugal... e a Espanha, na Grande Guerra.
Encadernação cartonada recente com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura de posse datada na f. anterrosto.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

19 maio, 2015

CASTELO BRANCO, Camilo - A ÚLTIMA VITÓRIA DE UM CONQUISTADOR [e outros]. Vol. I. Director: Manoel de Sousa Pinto. Lisboa, Emprêsa Diário de Notícias Editora, 1925. In-8º (19cm) de 337, [3] p. ; B. Colecção Diário de Notícias, I
1.ª edição.
Colectânea de contos de autores portugueses, na sua maioria inéditos. Anunciado pelos editores como uma espécie de continuação dos famosos "Brindes" do Diário de Notícias - de que seria o 36.º vol., dado ter este jornal publicado anteriormente 35 números, entre 1865 e 1899. No entanto, este vol. I é tudo quanto se publicou.
Relativamente ao conto de Camilo, transcrevemos a nota dos editores: "A última Vitória de um Conquistador é o primeiro ensaio de romance camiliano, e foi publicado em oito folhetins do Eco Popular, do Porto, de 29 de Março a 12 de Abril de 1848. Devemos a publicação deste importante original ao ilustre camilianista snr. Dr. Júlio Dias da Costa, que o recolheu com destino aos seus Dispersos de Camilo, editados pela Imprensa da Universidade."
Contos:
- A última vitória de um conquistador, por Camilo Castelo Branco. - A frauta de cana, por Augusto Gil. - Noite de neve, por Ladislau Patrício. - À passagem dos Pirenéus, por Aquilino Ribeiro. - Purificação, por Manoel de Sousa Pinto. - Balada aos olhos azuis siderais duma inglesinha, por Américo Durão. - À cata do «El-Dorado», por Júlio Brandão. - Fogo sagrado, por Eduardo Schwalbach Lucci. - Ah, soubéssemos nós erguer as mãos!, por Mário Beirão. - Uma hora de tragédia, por Sousa Costa. - Do traje «à vianesa» em geral e do traje de Afife em especial, por Cláudio Basto.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas e lombada com defeitos.
Invulgar.
Indisponível

18 maio, 2015

CASTRO, Pe. Francisco Manuel de - MAJOR NEUTEL DE ABREU. O maior vulto da nossa ocupação no norte da Província de Moçambique. Lisboa, Edição da Casa da Comarca de Figueiró dos Vinhos, [Composto e impresso na Tipografia da L. C. G. G., Lisboa], 1941. In-4º (22,5cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição.
Biografia militar de Neutel de Abreu, militar português que participou nas campanhas de África, em Angola e Moçambique, desde 1891 até 1920.
"Nêste mesmo mês [Janeiro de 1907], fez uma aliança de sangue com o régulo Mukapera. Esta cerimónia consistiu no seguinte: - Cada um dêles deu um golpe no pulso, uniram as suas feridas; e esfregaram as testas de cada um, uma na outra.
Diz o próprio Neutel de Abreu: - «Êste acto parecerá à primeira vista fantochada, sobretudo para aqueles que não conhecem os usos e costumes dos indígenas. O que é certo, é que este acto deu maravilhosos resultados no decorrer da ocupação do Distrito, quer poupando muitos contos de reis ao Estado, quer poupando vidas de soldados; porque, considerando-me o régulo seu irmão mais velho depois da nossa aliança, nunca mais se recusou a fornecer os homens armados que eu lhe pedia, não só centos dêles mas até milhares. Estes homens, fornecidos pelo régulo Mukapera, prestaram sempre relevantes serviços em tôdas as campanhas em que tomaram parte, quási tôdas as do Distrito, e até contra os alemães no Niassa»."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas vincadas.
Raro.
Indisponível

17 maio, 2015

A EPOCA. Jornal de Industria, Sciencias, Litteratura e Bellas Artes. Tomo I e II. Lisboa, Na Typographia da Revista Universal Lisbonense, 1849. In-4º (28cm) de [2], V, [3], 430 p. ; 16, [2] p. ; il. ; E.
Do n.º 1 (1848) ao n.º 28 (1849).
Revista de entretenimento que abrange os mais variados assuntos, como aliás, está patente no seu sub-título - Jornal de Indústria, Ciências, Literatura e Belas Artes. Publicou-se até ao n.º 52, em 1849.
Ilustrada com belíssimas gravuras ao longo das páginas do texto.
Colaboraram neste projecto algumas das mais insignes figuras da época: Luís Augusto Rebelo da Silva, cujo conhecido romance «Ódio velho não cança», é nas suas páginas publicado integralmente em folhetins; João de Andrade Corvo; José Maria de Sousa Monteiro; Luís Palmeirim, etc.
"Emprehendendo a creação de um novo Periodico, vamos, bem o sabemos, tomar sobre nós, em tempos difficeis, uma difficil tarefa: move-nos porém o desejo de sermos uteis ao paiz; e a santidade do desejo desculpa a ousadia da empreza. [...]
Procuraremos entremear o util com o deleitoso; poremos ao lado do processo agricola a poezia amena; ao lado da severidade da historia a facilidade do romance; juntaremos a descripção enfadonha de um novo invento, com a critica agradavel de um novo livro de litteratura; ornaremos as nossas paginas com modellos de maquinas, e com copias de estatuas, ou de quadros celebres; e procuraremos em tudo, e sempre, conservar aquella sisudez e gravidade, que convem manter quando se escreve para leitores que se respeitam a si, respeitando e procurando conhecer os progressos, que cada dia vae fazendo a intelligencia humana.
Em duas partes se dividirá naturalmente o nosso trabalho; uma puramente scientifica e industrial, a outra particularmente litteraria; mas ambas uniformes no pensamento de popularisar a instrucção."
(excerto da introdução)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a seco e a ouro na lombada. Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas com defeitos, deterioradas nos cantos; primeiras e derradeiras páginas ligeiramente esboroadas nos cantos superiores por efeito da humidade, sem contudo existir afectação do texto.
Raro.
Indisponível

16 maio, 2015

FERREIRA, Vergílio - SIGNO SINAL : romance. Lisboa, Livraria Bertrand, 1979. In-8.º (19 cm) de 241, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor datada de 1979, o ano de publicação da obra.
Sinopse: "Em pleno tempo de pós-revolução (25 de Abril), uma aldeia é quase inteiramente devastada por um terramoto. Um dos seus muitos sobreviventes, herdeiro de uma pequena fábrica erguida pelo seu falecido pai, sem qualquer vocação para nada de prático na vida, sempre dado às letras e à reflexão, constata o absurdo da condição humana e da inútil tentativa entusiástica da mudança do estado das coisas empreendida pela ébria população libertada de um jugo ditatorial de várias décadas.
Para todo o país, a aldeia é um balão de ensaio para se pôr em prática aquilo que se pode fazer num novo regime, democrático, tendo assim a oportunidade de reconstruir de raiz o que poderá ser um exemplo a seguir no futuro. Alvo de todo o tipo de utópicos desígnios, é acometida por comícios com políticos que apresentam planos grandiosos, ou por outros profetas a anunciar os novos tempos; com grande fulgor no início das obras, rapidamente estas param por todo o tipo de confusões que se dão na cúpula política, bastante instável e acometida de todo o tipo de problemas burocráticos e de interesses vários, que entopem a iniciativa entusiástica mas ingénua das boas intenções de uma política utópica."
(Fonte: www.citador.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto e f. que precede ante-rosto.
Invulgar.
Indisponível

14 maio, 2015

ANJOS, Padre Fr. Manoel dos - HISTORIA // VNIVERSAL // EM QUE SE DESCREVEM // OS IMPERIOS, MONARCHIAS, // Reynos & Provincias do mundo, com // muitas cousas notaveis, que // ha nelle.// COPIADA DE DIVERSOS // Authores, Chronistas approvados, & // authenticos Geographos. // A FRANCISCO CABRAL SENHOR // da casa de Belmonte. // PELO PADRE FR. MANOEL // dos Anjos Religioso da Terceira Ordem // de S. Francisco. // EM COIMBRA. // Com todas as licenças necessarias. // Na Officina de Manoel Dias mercador de livros. // Anno 1651.
In-8.º (19,5cm) de [24], 502 p. ; E.
Rara obra seiscentista. A Biblioteca Nacional possui apenas um exemplar em mau estado, com acesso reservado. Segundo a mesma Biblioteca, esta edição será a 2.ª, ou uma impressão contrafeita da 1.ª edição, publicada no mesmo ano (1651).
A obra divide-se em três partes:
Livro I. Em que se trata dos Reynos, e Provincias da Evropa;
Livro II. Em que se trata de Asia, sevs Imperios, e Monarchias, Reynos, e Provincias;
Livro III. De Africa, qve he a terceira parte do Mundo.
A Portugal são dedicados três capítulos:
- Do Reyno de Portugal, segundo as relações mais autenticas, & verdadeiras.
- Das Provincias, & ilhas sogeitas a Portugal.
- Em que se descreve a nobreza de Portugal.
"Alguns amigos, que consersaraõ comigo, ouvindome falar em grandezas, & prodigios do Vniverso, segundo que os tinha lido nos Authores que escreveraõ dellas me faziaõ a cada passo perguntas, a que eu satisfazia, se estava lembrado da lembrado da liçaõ dos livros; outros me pediraõ, que dos que pudesse alcançar fizesse hum breve compendio & recopilaçam, de que elles tambem se aproveitassem, tendo junto o que está repartido em muitas relações, & livros, cõ tanta difficuldade de se acharē, como se poderē lerse por estēso. Obedici, por mo pedir quē mo podia mãdar. [...]
Os que quiserem censurar a obra, o pódem fazer muy livremente, porque nem ella, nem o Author se deraõ por offendidos, a obra por invencivel, & po Author por exposto, & com o animo prevenido a tudo o mais que de que os outros se queixaõ. [...]
Nesta obra me sogeito espontaneamente ao que julgarem os bens effectos, & entendidos dizendo com S. Anastasio Sinaita lib Hexameron: A maneira de formiga recolho os graõs, que ficàrão pelo campo, & como cachorrinho me aproveito das migalhas daquelle esplendido banquete das obras dos Santos Doutores. Assi eu por este modo me aproveitei para a presente do que escreveram os Chronistas, & Geografos acerca do Vniverso..."
(excerto do Prologo ao leitor)
Fr. Manuel dos Anjos (1595-1653). "Naceo no lugar de Manteigas do Bispado da Guarda sendo bautizado a 11. de Fevereiro de 1595. Foraõ seus progenitores Manoel Pirez Alrote, e Maria Cupeira. Professou o instituto da Ordem Terceira da Penitencia no Serafico Convento de S. Francisco da Pesqueira a 3. de Mayo de 1615. Estudou as sciencias escholasticas no Convento de N. Senhora de JESUS de Lisboa onde dictou aos seus domesticos Theologia Moral em que foy insigne. Depois de exercitar o officio de Procurador da Provincia pelo espaço de seis annos foy Secretario do Provincial Fr. Manoel Botelho, e no anno de 1645. foy eleito Ministro do Convento de Nossa Senhora da Esperança junto á Villa de Belmonte no Bispado da Guarda. Teve vasta noticia das letras divinas, e humanas que se illustravaõ com as virtudes religiosas, que practicou com veneraçaõ dos domesticos, e admiraçaõ dos estranhos. Falleceo piamente no Collegio de Coimbra a 19. de Novembro de 1653. quando contava 58. annos de idade e 39. de Religiaõ.
Compoz.
Triumfo da gloriosa Virgem Maria concebida sem pecado Original. Lisboa por Lourenço Crasbeeck. 1638. 4º Neste livro juntou muitas Poezias Latinas, Castelhanas, e Portuguezas em aplauso da mesma Senhora.
Historia Universal do mundo em que se descrevem os Imperios, Monarchias, Reynos, e Provincias do mundo com muitas cousas notaveis que ha nelle. Coimbra por Manoel Dias 1651. 4º e Lisboa por Miguel Deslandes 1702. & ibi por Manoel Fernandes Costa 1735. 4º
Politica predicavel, doutrina moral do bom governo do mundo. Lisboa por Miguel Deslandes 1693. fol. & ibi pelo dito Impressor 1702."
(MACHADO, Diogo Barbosa, 1682-1772. Bibliotheca Lusitana. Historica, Critica e Cronologica, 1752, Tom. III, 179)
Encadernação recente cartonada com dourados na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Orifício de insecto na f. rosto. De acordo com informação da BNP, encontra-se em falta a última folha (em branco) do livro.
Muito raro.
Peça de colecção.
250€

13 maio, 2015

MENDES, José R. Silva - SOLDADOS VALENTES : episódios da Grande Guerra. Por... Capitão de Infantaria. Leiria, [s.n. - imp. Tipografia Leiriense, Limitada, Leiria], 1936. In-8º (18,5cm) de 131, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de episódios da Grande Guerra. Relato do Capitão de infantaria José Rodrigues da Silva Mendes, dedicado "aos seus companheiros de luta - os soldados e graduados da 3.ª Companhia de Infantaria 22, expedicionária a França".
"Quando homens embarcados como gado, deprimidos moralmente, sem estímulos, vítimas de erros e faltas que a história apontará e combatendo numa situação vexatória, ainda conseguiram impor-se à consideração dos nossos aliados a praticar numerosos actos de autêntico heroísmo, o que será capaz de fazer, ainda hoje, a nossa gente sob a direcção de Governantes e Chefes à altura da sua missão?
Pobres serranos, tristes e deprimidos, bastava que aparecesse um simples oficial, com alma de patriota, que os amasse, animasse e amparasse moralmente, para que os modestos gambúzios se transformassem em heróis!..."
(excerto da dedicatória)
Episódios:
- O cabo Estrela. - "Cavando" para Brest... - Lenda do Lusitano. - O dever e a fé. - Uma "partida" heróica. - Dois cobardes... "intrépidos". - A reocupação da nossa primeira linha. - Um episódio das trincheiras. - Uma pecita da minha terra. - Noite de Natal nas trincheiras. - Carta a uma mãe. - Comércio com chineses. - A morte da ordenança. - Coragem e sentimentalismo. - Aventuras do "Mouco do 22". - Resistindo sempre... (Episódio inédito do 9 de Abril). - Um "càmóne" impertinente. - O òrfãozito. - Os homens dos arames. - Versos e mágoas. - Sublime sacrifício. - O capitão "Metralhadora" e o cabo "Barulho". - O sargento Curado (Episódio inédito do 9 de Abril). - Um granadeiro e "pêras". - Tem a palavra a cadeira... - Pequeno combate vencido com honra. - Discriminação racial . - Política ultramarina. - O atlético Garcia. - O General Gomes da Costa. - Delicadeza de soldados. - Continência à beleza.
José Rodrigues da Silva Mendes (1893-1988). Oficial do Exército, integrou o C. E. P. (1917) como Alferes-miliciano. Foi administrador nos concelhos de Figueiró dos Vinhos, Nazaré e Pombal (depois de 28 de Maio de 1926), Presidente da Comissão Concelhia de Alcobaça da União Nacional, Subdelegado regional da Mocidade Portuguesa em Leiria e Governador civil dos Distritos de Aveiro, Leiria (2 vezes); Beja e Horta. Integrou como parlamentar a VII Legislatura pelo Círculo de Leiria.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas "empoeiradas"; pequena falha de papel na lombada. 
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

12 maio, 2015

[CHERNOVIZ, Pedro Luís Napoleão] - MEMORIAL THERAPEUTICO OU BREVE INDICAÇÃO DE VARIAS FORMULAS EMPREGADAS COM INEXCEDIVEL EXITO NO DECURSO DE MAIS DE TRINTA ANNOS DE EXERCICIO PRATICO DE CLINICA E PHARMACIA NO IMPERIO DO BRAZIL. Acompanhado como additamento de uma exposição botanica das plantas medicinaes brazileiras, cujos usos vão indicados no texto d'esta obra. Lisboa, Typgraphia Universal de Thomaz Q. Antunes, Impressor da Casa Real, 1873. In-8.º peq. (13,5cm) de [2], 123, [1] p. ; E.
1.ª (e única) edição.
Curiosíssimo trabalho publicado sob anonimato, sabe-se que o seu autor foi Pedro Luís Napoleão Chernoviz, médico polaco, durante muitos anos radicado no Brasil. O livro divide-se em duas partes:
O Memorial Therapeutico, que inclui 185 preparados;
A Descripção das Plantas Medicinaes Brazileiras citadas em varias fórmulas d'este Memorial.
Mais tarde, o autor integraria esta obra em edições posteriores do seu conhecido Formulario ou Guia Médica (1841), julgamos que, a partir da 10.ª edição (1879).
"A presente publicação nada tem de commum com essa alluvião de formularios, que um desejo de ganhar nome, ou a cubiça do lucro acarretam quasi quotidianamente para o mercado dos livros; não passando a maior parte das vezes de meras especulações, com que se illude a credulidade do vulgo ignaro sem proveito da sciencia.
As fórmulas recoplidas n'este livrinho, e entregues hoje á publicidade, são exclusivamente o fructo de conscenciosas observações e experiencias medico-pharmaceuticas, emprehendidas e executadas no periodo de tres decadas de annos em que o auctor residiu e exerceu os dois ramos da arte de curar no imperio de Vera Cruz."
(excerto da introdução)
Pedro Luiz Napoleão Chernoviz (1812-1881). "O doutor Pedro Luiz Napoleão Chernoviz, nome abrasileirado de Piotr Czerniewicz, nasceu na Polônia (Lukov), em 1812. Em 1830, já como estudante de medicina na Faculdade de Varsóvia, foi obrigado a sair de seu país, ainda bem jovem, por ter participado de um levante contra o domínio russo. Assim como milhares de outros poloneses, recebeu abrigo em território francês, onde pôde continuar seus estudos, doutorando-se, aos 25 anos, em medicina pela Faculdade de Montpellier.
Na busca de fama e fortuna, resolveu, em 1840, aventurar-se pelas terras brasileiras, uma vez que o país era visto como promissor na área da saúde. Em dezembro do mesmo ano, teve seu diploma reconhecido pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e foi aceito na Academia Imperial de Medicina, como membro titular. Entretanto, ao entrar em contato com as vivências e costumes da capital brasileira, percebeu que, para atingir seus propósitos de enriquecimento, o meio mais eficaz não seria clinicar ou dedicar-se à arte cirúrgica. Isto porque já existiam muitos consultórios médicos e de cirurgiões renomados na cidade carioca.
Entretanto, esse quadro não se repetia nos vilarejos interioranos, afastados dos grandes centros urbanos. Havia uma numerosa população rural carente de todo tipo de assistência relacionada à saúde. A partir dessa constatação, Chernoviz dedicou-se à idéia de produzir manuais em língua portuguesa, que tivessem explicações sobre o conjunto posológico e indicações de procedimentos básicos, que pudessem orientar leigos e acadêmicos nos atendimentos diários e nos primeiros diagnósticos.
A idéia viria a se materializar com as publicações do Formulário e Guia Médico (1841) e do Dicionário de Medicina Popular e das Ciências Acessórias (1842), que se tornaram referência para as questões médicas. Grande foi a aceitação desses manuais, o que resultou na publicação de várias edições. Segundo o estudioso Hilton Seda, possivelmente em virtude das críticas que estava recebendo pelo fato de seus manuais facilitarem o acesso dos leigos à medicina, Chernoviz teria se desligado, em 1848, da Academia Imperial de Medicina.
Em 1855, retornou a França, em companhia de sua mulher Julie Bernard e de seus seis filhos (um dos quais daria continuidade a seu grande projeto editorial) e morreu, em Paris, em 1881. Sem dúvida, foram várias as contribuições de Chernoviz para o campo da saúde: publicou diversos artigos na Revista Médica Fluminense e na Gazeta Médica da Bahia. Entretanto, não ficou conhecido no Brasil por sua atuação acadêmica ou clínica, mas por seus manuais médicos, que se tornaram instrumentos essenciais para disseminar práticas e saberes aprovados pelas instituições médicas oficiais no cotidiano daquela população.
A imagem de Chernoviz foi, assim, associada aos próprios manuais, como fica claro a partir do poema Dr. Mágico, de Carlos Drummond de Andrade: "Dr. Pedro Luís Napoleão Chernoviz / Tem a maior clientela da cidade. / Não atende a domicílio / Nem tem escritório. / Ninguém lhe vê a cara. / Misterioso doutor de capa preta ou invisível, (...)"."
(Fonte: http://www.museudavida.fiocruz.br/brasiliana/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=40&sid=30)
Encadernação inteira de percalina com título da obra gravado a seco e a ouro na pasta frontal.
Raro.
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11 maio, 2015

MENDONÇA, Henrique Lopes de - SUBSÍDIOS PARA A BIOGRAFIA DA INFANTA SANTA JOANA. Por... Sócio efctivo. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1919. In-8.º (22,5cm) de 14, [2] p. ; B.
Academia das Sciencias de Lisboa. Separata do «Boletim da Segunda Classe», volume XII
1.ª edição independente.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
"Ao trilhar com a maior cautela um caminho perigoso de hipóteses e deduções, começo por declarar a minha fé absoluta na intemerata pureza da Infanta, que da Igreja mereceu as honras da beatificação. Não quero que se me atribuam propósitos difamadores, que tendam a emurchecer as flores da sua corôa de glória. Por santa a aceito da Igreja, mas nem por isso julgo que o contágio das suas virtudes bastasse para lustrar as almas pecadoras, através das quais perpassou nêste vale de lágrimas. Nem mesmo faço à sua memória a injuria de supôr que o demónio desdenhasse a sua bela alma para campo honroso de porfiadas lutas, e qua para o seu logar no agiológio fosse conquistado sem assinaladas vitórias contra o aguerrido exército das paixões."
(excerto do texto)
Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931). "Escritor, poeta, dramaturgo historiador, cuja obra se insere no neo-romantismo português, foi também professor da Escola Naval e da Escola de Belas Artes de Lisboa, presidente da Academia das Ciências e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Autores, em 1925."
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Etiqueta numerada na capa; carimbos (2) de biblioteca na f. rosto.
Invulgar.
Indisponível

10 maio, 2015

GAMA, Sebastião da - SERRA-MÃI. Poemas de... [S.l.], [s.n. - comp. Imprensa Artística], Dezembro : 1945. In-8º (19cm) de 124, [4] p. ; B.
Capa de Lino António.
Tiragem: 1.000 ex. 
1ª edição.
Edição original, em tiragem reduzida, da primeira obra do autor.
"O primeiro livro de Sebastião da Gama foi Serra-Mãi (assim mesmo escrito), saído a público em Dezembro de 1945, com desenho de capa de Lino António, obra que muito cuidou e para a qual levou a preceito a selecção dos seus poemas. Nesta altura, Sebastião da Gama, com 21 anos, era ainda estudante no curso de Românicas, na Faculdade de Letras de Lisboa. Tivera uma hipótese de a Livraria Portugália lhe editar o livro, mas, a 24 de Outubro, era-lhe dirigida uma carta, dizando que, naquele momento, não interessavam à editora “as publicações não integradas no plano” editorial, porque havia encargos com cerca de uma centena de originais, já pagos a autores e tradutores, e não havia como “dar vazão” a esse trabalho. A família de Sebastião da Gama assumiu, então, os encargos financeiros advenientes da edição e o livro foi publicado com a chancela da Portugália, enquanto distribuidora. Com obra, dedicada a Alexandre Cardoso, seu tio, assumia o risco de vir a ser o “poeta da Arrábida”, elegendo a serra como motivo, como título e como origem."
(sebastiaodagama-acsg.blogspot.com)

"PEQUENO POEMA

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram as veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrêlas a mais...
Sòmente,
esquecida das dôres,
a minha Mãi sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As núvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fôsse enorme,
bastava
tôda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãi..."

(Poemas de Amor, p. 95)

Sebastião Artur Cardoso da Gama (1924-1952). "Foi poeta e professor. A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal motivada pela tuberculose. Além da obra citada, merecem referência Cabo da Boa Esperança (1951) e Campo Aberto (1950). O seu Diário, editado postumamente em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino, escrita numa prosa de grande qualidade."
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

09 maio, 2015

CAMPOS JUNIOR, Antonio de - VICTORIAS D'AFRICA. A defeza de Lourenço Marques e as campanhas do Valle do Incomati e do Paiz de Gaza : 1894-1895. Lisboa, Typ. - Rua do Norte, 46, 1.º - Esq., 1896. In-8.º (20cm) de 330, [4] p. ; [16] f. il. ; [1] mapa desd. ; il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada um mapa desdobrável - Planta do terreno onde se effectuaram as operações de guerra nos districtos de Inhambane e Lourenço Marques (escala 1 : 1.000.000), e com retratos extratexto de alguns militares, combatentes em África, mais prestigiados da época: Canto e Castro; Moraes e Sousa; Filippe Nunes; Caldas Xavier; Ivens Ferraz; Paiva Couceiro; Freire d'Andrade; Diogo de Sá; Soares Andrêa; Eduardo da Costa; Sousa Machado; Eduardo Galhardo; Mousinho d'Albuquerque; Sanches de Miranda; Costa e Couto; e do régulo Gungunhana.
"Está na memoria e no coração de nós todos, homens de Portugal, esta singelissima synthese da nossa maior gloria contemporanea:
Para salvar a cidade de Lourenço Marques, assediada pelos cafres, e para assegurar a soberania portugueza nos sertões de Gaza e do Incomati, partiram de Portugal cerca de tres mil homens do exercito. Desaffrontando a cidade em perigo, reoccupando Angoane, dispersando os cafres, perseguindo-os em marchas penosissimas, batendo-os em Marracuene, vencendo-os em Magul, a elles e aos vátuas, pondo-os em fuga em Chinavane, destroçando os vátuas e buingelas em Coolella, tomando o kraal de Manjacaze, assaltando nas florestas o ultimo asylo do regulo Gungunhana e aprisionando-o, em presença de tres mil vátuas estupefactos; esses expedicionarios, que a marinha auxiliou destemidamente nas suas operações dos rios Incomati e Limpopo, trouxeram a Portugal, subitamente, com o nosso prestigio redivivo, o maior triumpho que, n'este momento historico, podia acriciar a alma da nação.
Voltou á patria a maior parte d'esses bravos, É consolador saber que elles venceram; é enternecedor lembrar como elles foram victoriados.
E aqui está o thema inteiro d'este livro, esboço apenas de uma grande historia, que a alma do auctor comprehende commovidamente, mas que a sua penna obscura não sabe escrever completa."
(excerto do prefácio)
Matérias:
I - Expedições militares. II - Precedentes e confrontos. III - Moçambique. IV - Os vátuas. V - A rebellião dos cafres. VI - A defeza de Lourenço Marques. VII - Para a Africa. VIII - As primeiras operações. IX - O quadrado de Marracuene. X - O plano da campanha. XI - Pequenas operações. XII - O quadrado de Magul. XIII - Em Chinavane e no Limpopo. XIV - De Inhambane para Chicomo. XV - O quadrado de Coolella. XVI - Destruição de Manzjacaze. XVII - A façanha de Chaimite. XVIII - Glorificações.
Meia encadernação em chagrain, com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Invulgar.
Com interesse histórico.
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