29 setembro, 2016

NEGREIROS, Almada - PORTUGAL NA GRANDE GUERRA. I. A Iniciação dos "Serranos" (cronicas dos campos de batalha). [Por]... Correspondente de guerra do «Seculo". Com uma prefação de Bernardino Machado, Presidente da Republica Portugueza. Paris, Rio de Janeiro, Lisboa, Livraria Garnier Fréres [Imp. na Imprensa Lahure, Paris], 1917. In-8.º (19cm) de 327, [5] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Obra de referência sobre a Grande Guerra, justamente considerada uma das mais interessantes e completas que sobre o tema foram publicadas. 
Sobre este título, reproduzimos um excerto da «Bibliografia da Grande Guerra» (1922), do Coronel Vitoriano José Soares: “Compreende este volume duas partes com 29 capítulos e um Apenso. A 1.ª parte tem como titulo - Na frente britanica; e a 2.ª parte - Na frente portuguesa.
São impressões dos campos de batalha; impressões magistralmente descritas e sentidas, colhidas nas visitas do autor às trincheiras, na frente britanica e na frente portuguesa. Na sua visita às trincheiras portuguesas cita alguns episodios, que bem caracterisam a valentia do nosso soldado, a quem o autor alcunhou, segundo diz, de «serrano» em memoria do grande Viriato; e os factos citados definem bem o soldado português. É um livro que se lê sem fadiga.
Livro ilustrado com 7 fotogravuras em página inteira, uma das quais, Os campos d'instrução, que ocupa duas páginas. As restantes são: O Rei d'Inglaterra na crista de Vimy, d'onde partiu para o sector portuguez; O General Gomes da Costa; Uma companhia descançando; O General Tamagnini; O Rei d'Inglaterra; As escolas «de gaz» e de treino.
De referir que a presente obra comporta duas folhas de rosto diferentes, uma delas, a segunda, parecida com a capa.
Na parte inferior da capa está declarado o seguinte: "O produto liquido da venda d'este volume reverterá em favor das obras d'assistencia dos soldados portuguezes do "front" ocidental."
Na parte inferior da segunda folha de rosto (cuja descrição se encontra reproduzida acima, após o nome do autor), aludindo à palavra "Serrano", observa que esse "é o nome generico pelo qual os "tommies" e os "poilus" designam os soldados do Corpo Expedicionario Portuguez que combatem em França."
"As cronicas que séguem foram escritas ao som dos canhões. São sinceras reproduções de factos historicos. São a primeira emanação da atmosfera das batalhas em que os portuguezes tomaram parte. São tambem um documento eloquente do valôr militar da raça portugueza, mais uma vez posta á prova."
(Nota do editor)
"O nosso soldado inicia-se na trincheira; mas inicia-se alegremente, de «coração ao largo». Aqui... «les Portugais sont toujours gais»... O estribilho ignorante, que tem infamado o nosso povo, melancolico e sonhador, quadra-lhe agora como se fosse uma legenda heraldica. Se não, vejam:
Uma granada alemã vem rebentar junto ao parapeito da trincheira onde um beirão, de serviço, fuma tranquilamente um cigarro, ao som da artilharia. Produz um verdadeiro cataclismo. O muro da trincheira desaba; os suportes de madeira vôam em estilhaços e o nosso soldado, sacudido pelo choque, parece ter sido despedaçado e sepultado nos escombros. Correm os camaradas a socorrel-o, mas sem o minimo sinal de panico, porque o caso é frequente. O bravo moço havia-se desenvincilhado sózinho da medonha rascada e sem uma unica beliscadura. De pé, como sobre um pedestral, e a chupar furiosamente no cigarro, diz, olhando para a trincheira «boche», ainda fumegante:
- «Estes filhos... da kaiserina iam-me apagando o... «paivante»!...
- «Abaixa a cabeça, ó Zé!» - grita-lhe um dos recemchegados.
E todos o abraçam, com frenesi..."
(excerto do Cap. XVII, Os «serranos» em plena áção)
Índice:
Nota do editor. Prefação.
PARTE I - Na Frente Britanica
Cap. I. A Caminho do séctor Portuguez. Privando com os inglezes. Cap. II. Na rétaguarda do exercito britanico. Utilização sistematica dos prisioneiros. Cap. III. Os tumulos das trincheiras e a heroicidade feminil. Cap. IV. A fornalha devoradora da guerra. Uma excursão impressionante e movimentada. Cap. V. A caminho d'um aerodromo modelo. O sentido visual dos exercitos. Dois ensaios d'aviação gorados. Cap. VI. Paisagem de guerra. As novas Pompeias. O reduto de Sars e as religiões do Odio e do Amor. Cap. VII. O esforço britanico. Quadro comparativo das forças inglezas de terra e mar desde o começo da guerra. O orçamento e os impostos. Cap. VIII. Um correspondente de guerra que cáe no seu posto. A esbelta e audaz figura da vitima. Cap. IX. Visita aos campos de batalha d'onde o inimigo foi há pouco expulso. Dez kilometros de trincheiras em profundidade. Cap. X. Jorge V visita os seus exercitos. A apoteose das novas maquinas de guerra. Cap. XI. O rei d'Inglaterra em França. O cortejo real na zona dos exercitos. Os reis do Espaço.
PARTE II - Na Frente Portugueza
Cap. XII. Aspétos das rétaguardas. A esplendida atitude dos soldados portuguezes. Cap. XIII. O primeiro contacto com os nossos combatentes. O soldado e o oficial. A ressurreição do heroismo nacional. Cap. XIV. A maravilhosa predisposição das nossas tropas. «Croquis» dos campos d'instrução e de batalha. Cap. XV. Reminiscencias de gloria. O exercito portuguez d'hoje e o de há um século. A «Leal Legião Lusitana» e a «Legião Portugueza». Cap. XVI. O Ministro da Guerra Portuguez aprecia, de visu, o seu meritorio trabalho. Brilhante atitude das tropas portuguezas. Cap. XVII. Os «serranos» em plena áção. O que eles dizem, o que fazem e o que pensam. Cap. XVIII. Junto das nossas trincheiras. A consagração universal do exercito portuguez. Cap. XIX. Os bastidores da guerra. Da zona dos exercitos ao nosso sétor. Cap. XX. Os serviços de saude do Corpo Expedicionario Portuguez. Cap. XXI. Os combates de todas as noites. Maravilhosos fogos d'artificio. Cap. XXII. O grande chefe. Entrevista com o general Tamagnini. Cap. XXIII. O rei d'Inglaterra sauda o exercito portuguez. Uma consagração historica. Cap. XXIV. Palavras do Soberano. Entrevista com o Rei d'Inglaterra. Jorge V e os seus generaes apreciando o esforço portuguez. Cap. XXV. Como se guardam as trincheiras. As novas fases da grande luta. Cap. XXVI. Em face do inimigo. O portuguez «soldado moderno». Cap. XXVII. A odisséa lusitana. A escola d'heroismo das nossas trincheiras. Em plena luta, durante a noite. Cap, XXVIII. Um combate noturno. Intermitencias da luta. Cap. XXIXNo fragor da batalha. Uma bateria historica. APENSO - A resenha oficial do heroismo portuguez.
António Lobo de Almada Negreiros (1868-1939). Militar, funcionário público, jornalista, escritor e ensaísta. Tenente de cavalaria, administrador do Concelho de S. Tomé (África Ocidental). Pai de Almada Negreiros, um dos expoentes máximos do Modernismo português. Após a morte de sua esposa, Elvira Freire Sobral, regressa a Portugal. Em 1900, é nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris, cidade onda passa a residir. O seu nome afirmou-se mais amplamente durante o período da Grande Guerra, como correspondente de vários jornais e agências.
Encadernação recente inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com grande interesse histórico.
Indisponível

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