19 outubro, 2016

CHAGAS, M. Pinheiro - OS GUERRILHEIROS DA MORTE. Romance historico original de... [Introducção de Innocencio F. da Silva]. Lisboa, Escriptorio da Empresa, 1872. In-8.º (17,5cm) de 296, [4] p. ; E. Col. Bibliotheca Universal dedicada ao Visconde de Castilho
1.ª edição.
Com uma carta do Visconde de Castilho para Eduardo Coelho, fundador e proprietário do Diário de Notícias.
Romance histórico cuja acção decorre durante a 1.ª Invasão Francesa, liderada por Junot.
Trata-se da rara edição original desta conhecida obra de Pinheiro Chagas, à época, um sucesso de vendas; no mesmo ano da primeira (1872) publicaram-se mais duas edições; seguiu-se a 4.ª edição em 1874, e outras mais até ao final do século, bem como durante o século XX.
"Era uma noite fria e chuvosa de novembro de 1807. No largo da Ajuda, onde assobiava com furia o vendaval, reverberava-se nos charcos produzidos pela agua do ceo o clarão das luzes que allumiavam os salões, e que se coava pelas vidraças. De vez em quando um vulto inquieto approximava-se dos vidros, e procurava descobrir alguma coisa na profunda escuridão do terreiro. Via apenas as arvores estorcerem-se debaixo do açoite da tempestade, e, de vez em quando, o relampago cortar com a sua luz rapida e sinistra a escuridão nocturna. Voltava então para dentro, e, atravez das vidraças podia-se divisar ainda a sombra agitada de varias pessoas, que passavam e tornavam a passar por diante das janellas.
Não seria difficil imaginar o motivo da agitação dos habitantes dos regios paços da Ajuda a quem tivesse conhecimento dos acontecimentos que então se passavam na Europa, e dos desastres que ameaçavam este pequeno reino occidental. Napoleão chegára ao fastigio do seu poder."
(excerto do Cap. I, O embaixador inglez)
Manuel Pinheiro Chagas (1842-1895). "Escritor português nascido a 12 de Novembro de 1842, em Lisboa, e falecido a 8 de Abril de 1895, na mesma cidade, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas foi também um célebre polígrafo da segunda metade do século XIX, jornalista, poeta, novelista, historiador, dramaturgo, crítico literário e tradutor (de Ponson du Terrail, Alexandre Dumas, Octave Feuillet, Alfred de Vigny e Jules Verne, entre outros autores). Interessou-se pela política, tendo-se notabilizado como orador e tendo exercido os cargos de deputado pelo Partido Regenerador e de ministro da Marinha, em 1883. Ocupou, entre várias funções, o cargo de professor no Curso Superior de Letras, para o qual concorreu com Teófilo Braga. Em 1865, publicou o Poema da Mocidade, cujo posfácio, assinado por António Feliciano de Castilho, seu amigo, viria a suscitar a Questão Coimbrã, na qual Pinheiro Chagas tomou parte, com o opúsculo Bom senso e bom gosto. Folhetim a propósito da carta que o sr. Antero de Quental dirigiu ao sr. A. F. de Castilho, onde defendeu Castilho, contestando a novidade e a substância das ideias literárias sustentadas por Antero. Em 1869, publicou A Morgadinha de Valflor, que o notabilizaria como dramaturgo. Em 1871, interveio a favor do encerramento das Conferências Democráticas do Casino. Fundou, em 1876, o Diário da Manhã, mas colaborou em variadíssimos jornais e revistas, entre os quais O Panorama, Arquivo Pitoresco, Gazeta de Portugal, Jornal do Comércio, Diário de Notícias, A Ilustração Portuguesa, Revolução de Setembro e Artes e Letras. Neles assinou numerosos artigos de crítica literária, em parte recolhidos nos volumes Ensaios críticos e Novos ensaios críticos, de 1866 e 1867, respectivamente. Conhecido hoje em dia sobretudo pelo conservadorismo das posições assumidas contra a Geração de 70 e pelo convencionalismo da sua obra literária, excessivamente marcada pelo ultra-romantismo, Pinheiro Chagas mereceria porventura uma releitura, principalmente no tocante à sua produção como crítico literário. Pinheiro Chagas deixou-nos livros magníficos, onde demonstra as suas imensas faculdades intelectuais, de entre os quais ressaltam títulos como A Flor Seca, Os Guerrilheiros da Morte, O Terramoto de Lisboa e A Mantilha de Beatriz."
(fonte: www.wook.pt)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Miolo bom. Pastas e lombada cansadas, com defeitos. Uma folha da dedicatória encontra-se solta.
Raro.
A BNP não tem recenseado na sua base de dados a 1.ª edição.
Indisponível

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