07 outubro, 2016

FERREIRA, Admário - FOLHAS OUTONIÇAS : 1910-1955. Capa especial desenhada pelo distinto amador Ex.mo Sr. António P. Marques. Póvoa de Varzim, Edição da Livraria Académica, 1956. In-8.º (19,5cm) de 94, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Exemplar n.º 316 de uma tiragem de 500 exemplares numerados e assinados [chancela] pelo autor e editor.
Colectânea de poesias dispersas por várias publicações e recolhidas pelo autor neste volume. Inclui uma pungente homenagem aos pescadores poveiros mortos na faina, lembrando o acidente que vitimou seu avô, também ele pescador.
Ilustrada com bonitas vinhetas tipográficas encimando cada um dos poemas.

"27 de Fevereiro

Á memória de meu avô materno, José Francisco Neves (o Agulha), vítima da tragédia de 27-02-1892, na qual perdeu a vida à entrada da barra das Caxinas. Só na Póvoa de Varzim, na costa marítima, entre Leixões e Vigo (Espanha), morreram 105 pescadores poveiros, mergulhando na maior orfandade e na mais profunda dor esta infeliz terra.

De Fevereiro, em vinte e sete, eu
A Póvoa, em dor e luto amortalhado,
Perdi meus filhos... Só, martirizada,
Eu vos peço, meus Deus, um Cireneu...

Oh! minha terra crente, abandonada,
Qu'é dos Heróis? A sua voz morreu?!
Onde estão êles, Santa Mãe do Céu?...
- No mar ficaram. Choro-os resignada...

Varzim, berço de bravos pescadores,
De Santos, Santas, d'Assunção e Dores,
Como é ingrato o negro labutar

Com traiçoeiras ondas, meu Poveiro!
Se tens a sorte não ficar's no mar,
Tenas na terra a miséria, por Coveiro!...

Póvoa de Varzim, 27-2-922"

Admário Ferreira (1891-1973). "Nasceu na Póvoa de Varzim em 22 de Fevereiro de 1891. Filho de pais pobres e modestos da classe piscatória, sua mãe - Constança Gomes Pedra (Agulha) - foi muito conhecida na política local do seu tempo. (…) Em 1914 deixou definitivamente o Brasil regressando à sua Póvoa, onde fundou a livraria Académica. (…) Já no Brasil, Admário Ferreira fora co-proprietário de um pequeno jornal humorístico "A chaleira"e colaborou no jornal português "O Lusitano". Apaixonado pelos livros e pelos versos, aqui foi gerente do semanário "O Intransigente" (1912), foi director de "O Banhista" e "O Banhista Informador" (semanário poético, humorístico e noticioso, que depois apareceu como quinzenário, com saída irregular e mais frequente no Verão), cuja publicação teve lugar de 1914 a 1927, indicando a Livraria Académica como redacção e administração. Em 1924/25 publicou "A Bibliográfica" (arquivo e divulgação de toda a publicidade em língua portuguesa) (…).
Admário Ferreira publicou os seguintes livros de versos: "Suspiros" (1911), "Os tristes rebentos" (1918), "Folhas Outoniças" (1956), "Escrínio de cem beijinhos" (1957), "Juninhas"(1962), "Tufo de violetas", "Saquinhos de amêndoas" e "Tigela de amoras" (1964). Os versos de "Os tristes rebentos" haviam sido publicados em "O Torneio" (Jornal dos novos), Porto.
Foi sócio da Associação Comercial sob o nº 244 desde 18 de Maio de 1932.
Faleceu no dia 23 de Novembro de 1973.

(BARBOSA, Jorge - Toponímia da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim Boletim Cultural. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal, Vol. XXVII, nº. 1 (1990), p. 237-238, in http://web.cm-pvarzim.pt/rev_apovoadevarzim/index.php/item/48-admario-ferreira)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
20€

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