22 fevereiro, 2017

PEREIRA, Isaías da Rosa - LIVRO DE RECEITAS E DESPESA DOS PRESOS RICOS DA INQUISIÇÃO DE LISBOA (1594-1596). Lisboa, Livraria Olisipo, 1994. In-4.º (23,5cm) de 175, [1] p. ; B.
1.ª edição.
"O Livro n.º 397 do cartório da Inquisição de Lisboa tem o título de Livro dos Presos Ricos. Nele estão escrituradas as verbas de receita e despesa dos presos entre os anos de 1594 e 1596.
A análise desses números leva-nos a concluir que não se trata de presos ricos no sentido de possuírem muitos bens ou de pertencerem a uma classe social abastada. São pessoas que tinham possibilidade de se sustentar à sua custa. Só nos aparecem dois ou três casos em que os presos seriam oriundos de famílias de maiores recursos. [...]
A escassez de informações sobre Autos-da-Fé no século XVI dificulta as conclusões. Em Lisboa celebrou-se Auto-da-Fé em 1594, com 95 penitentes; entre 1594 e 1597 leram-se 35 sentenças na sala do Tribunal, e em 1597 realizou-se Auto-da-Fé com 90 penitentes. É muito possível que a maior parte dos presos inscritos neste livro tenha terminado a prisão em 1597.
A despesa com a alimentação dos presos é sempre diferentes para homens e mulheres; estas recebem 35 ou 40 réis por dia e aqueles 40 ou 50 réis. Não sabemos a razão desta diferença.
O registo das despesas fornece-nos ainda informações muito curiosas, Para os presos, compraram calçado, lençóis, camisas, toalhas, gibões, ceroulas, toalhas de cabeça (para as mulheres), alguns alimentos especificados, nomeadamente dois queijos do Alentejo, um quarteirão de figos, dez arráteis de passas, panelas de açúcar rosado (este era usado como medicina).
Além disso, alguns presos estiveram doentes e gastaram diversas quantias na botica. Duas presas foram sangradas e compraram-lhes galinhas para alimentação mais forte. Outra faleceu no cárcere e uma delas deu à luz uma criança.
Também se anotam as quantias pagas aos advogados que passavam muitas horas ou até dias inteiros com os presos para lhes preparar a defesa ou contradita. Por cada período recebiam 200 ou 300 réis.
As contraditas consistiam em procurar provar que as testemunhas de acusação não falavam verdade (os factos referidos não se tinham passado) ou que eram seus inimigos, ou ainda que os réus tinham sido sempre bons cristãos e não tinham realizado práticas judaicas, ou luteranas, ou de feitiçaria. Em geral, apresentam testemunhas para provar o seu direito.
A menção de algumas compras dá uma ideia de quanto custavam certas peças de roupa nos fins do século XVI: uma camisa, uma toalha, umas calças, uns calções, uns sapatos, uma panelas de açúcar rosado, um gibão de linho, umas chinelas, um enxergão.
Alguns registos dão notícia do envio de dinheiro para os presos por parte de sua família."
(excerto da introdução)
Índice geral:
Introdução. Lista das pessoas mencionadas no registo da recita. Lista das pessoas mencionadas no registo da despesa. Livro dos presos ricos - Receita (texto do códice). Livro dos presos ricos - Despesa (texto do códice). Índice alfabético das pessoas registadas no códice. Índice toponímico.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa com manchas.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

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