30 abril, 2017

MOREIRA, J. J. Semedo - CIGANOS EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE. [Por]... Antropólogo, Técnico Superior da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais. Lisboa, [s.n. - imp na Editorial Minerva, Lisboa], 1999. In-8.º (22 cm) de [2], 30 p. (59-88 pp) ; B. Separata da Revista do Ministério Público N.º 77
1.ª edição independente.
Importante estudo sobre os reclusos de etnia cigana que integram o Sistema Prisional Português.
Muito ilustrado com gráficos ao longo das páginas de texto.
"O estudo que suporta este artigo incidiu sobre 752 dos 787 processos de reclusos de etnia cigana que a 31 de Maio se encontravam nas prisões portuguesas. [...]
Tendo em conta o objecto do estudo, a investigação direccionou-se para variáveis objectivas - dados pessoais e relativos aos crimes e à pena - que permitiam alguma linearidade conceptual e facilitavam a homogeneização decorrente do tratamento estatístico. Complementarmente, tratou-se, também, a informação disponível referente ao consumo de estupefacientes e às relações familiares entre os reclusos deste etnia."
(Excerto da Nota Introdutória)
Matérias:
- Nota Introdutória. - As Origens. - Estrutura Etária. - Qualificações Académicas e Profissionais. - Estado Civil. - Antecedentes Criminais. - Tipo de Crime. - Situação Penal. - Distribuição Espacial. - Consumo de Estupefacientes. - Intrafamiliaridade. - Nota Final. - Referências Bibliográficas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

29 abril, 2017

ARANDA, Francisco - ARTE DE MORRER : contos. Lisboa, Edição do Autor, 1957. In-8.º (19,5cm) de 85, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de contos de inspiração surrealista.
Exemplar n. 90, duma tiragem constituída por 312 exemplares numerados e assinados pelo autor.
Muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa de Francisco Aranda à poetisa Natércia Freire.
"Não sentia nada. Nunca estivera afundado num silêncio tão perfeito - em cima, uma pianola tocava Stravinsky, em baixo, as máquinas de escrever da repartição - nunca experimentara um vazio tão absoluto. Tentava indireitar-se agarrado à borda da mesa. O corpo sacudia-se-lhe em convulsões intermitentes. De pronto, como que uma mão de ferro o empurrou para a parede. Sentiu que não devia olhar para o espelho, mas uma força dominadora fez-lhe levantar a cabeça. Viu aparecer no ângulo iuperior do quadro dois olhos imensos, febris, cheios de expressão, como nunca os tivera, e não se assustou com eles. Aqueles olhos eram belos, menos terríveis que os anteriores, carregados de morte. Deu um passo para trás. A luz projectou umas sombras delicadas nas faces e iluminou o seu olhar. Deus, que belo era!"
(excerto de Assassinato)
Índice:
- Assassinato. - 6 Árvores. - Liberdade. - O Fechadinho. - O primeiro amor. - A perfeição da forma. - Distonia.
José Francisco Aranda (1925-1989). Natural de Saragoça, Espanha. Escritor e crítico de cinema. Foi um dos expoentes máximos do surrealismo espanhol, com grande proximidade ao movimento português, sobretudo de Mário Cesariny, de quem era amigo. Escreveu poemas e desenhou colagens e assemblages com a qual expressou a sua vida interior,  que por sua serviram para o ajudara a entender e a melhor se relacionar com o mundo exterior. Uma vida e um mundo claustrofóbico numa Espanha franquista e repressora, e numa Europa que se reconstruia e reinventava após a Segunda Guerra Mundial. Escreveu o famoso livro O surrealismo espanhol e a primeira biografia que foi publicado em Espanha do controverso cineasta Luís Buñuel - Luís Buñuel : biografia crítica.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
35€

28 abril, 2017

BARROS, Manuel Corrêa de - LIÇÕES DE FILOSOFIA TOMISTA. Pôrto, Livraria Figueirinhas, 1945. In-4.º (24cm) de 430, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Obra de referência sobre a Filosofia Tomista.
"Reúnem-se nêste volume, com as adições e as modificações aconselhadas pela experiência, os textos das lições de filosofia tomista realizadas por mim, na sede da Juventude Universitária Católica do Põrto, de Janeiro a Maio de 1942. [...]
Ao fazer estas lições, sabia a quem me dirigia. Agora, publicas em volume, não me é possível saber a que mãos irão parar. Se fõr ás mãos dum católico, inclinado a olhas com simpatia a filosofia tomista, por causa da aprovação que a Igreja lhe tem manifestado pùblicamente, não quero deixar de  lhe apontar o exemplo de S. Tomás, que nunca hesitou em abordar, com a maior objectividade, os grandes problemas intelectuais do seu tempo, convicto de que todos, se forem encarados com largueza de vistas, se podem resolver dentro da mais rigorosa ortodoxia. Se fôr às mão de um não católico, disposto, pelo mesmo motivo, a ver o tomismo com desconfiança, devo lembrar-lhe insistentemente que não se trata, para S. Tomás, de proselitismo, mas duma tentativa honesta, dum esfôrço sincero de compreensão da realidade. Quando S. Tomás pretende convencer, - e fá-lo sempre com firmeza e simplicidade -, não é para chamar os outros ao seu campo, mas para lhes levar o que, segundo pensa convictamente, é a expressão da verdade."
(excerto do prefácio)
Índice:
Prefácio. 1 - S. Tomás Aquino. 2 - O que é a Filosofia. 3 - Resumo Histórico. 4 - Os Primeiros Princípios. 5 - O Ser. 6 - Deus. 7 - A Criação. Os Anjos. 8 - O Homem. 9 - O Conhecimento. 10 - As Leis do Pensamento. 11 - O Mundo Material. 12 - A Moral Filosófica.
Manuel Corrêa de Barros Júnior (1904-1991). “Engenheiro português que marcou a sua época, que influenciou com o seu ensino e com o seu exemplo a carreira de muitos dos seus alunos na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Ilustre professor, que possuía duas licenciaturas em engenharia — Civil (1928) e Electrotécnica (1929) - e que ao longo da sua vida desenvolveu uma carreira profissional vasta e uma carreira académica que o levou a desempenhar os mais altos cargos docentes e administrativos na Universidade do Porto: foi Professor Catedrático do 6º Grupo (Electrotecnia) da Faculdade de Engenharia (1944), foi Director dessa Faculdade (1950 a 1961) e foi Reitor da Universidade (1961 a 1969). Todos estes cargos desempenhou com mérito e distinção. Para além destes factos de uma vida dedicada ao ensino e à vivência da engenharia como profissão, traduzida em muitas outras publicações para além das citadas, há que salientar os outros interesses intelectuais do Prof. Manuel Corrêa de Barros, que o levaram a publicar um curso de Filosofia Tomista ministrado aos membros da Juventude Universitária Católica em 1942 [editado em livro], e a publicar em 1982 um último livro - “Reflexões de um Estudioso de S. Tomás de Aquino” -, análise racional de algumas situações científicas, técnicas e sociais do seu tempo e síntese das suas reflexões pessoais influenciadas pela filosofia de S. Tomás de Aquino.”
(fonte: http://paginas.fe.up.pt/histel/MCB_info.pdf)
Exemplar brochado, maioritariamente por abrir, em bom estado geral de conservação. Dedicatória - não do autor - na 1.ª f. (em bco). Capas oxidas. Contracapa e últimas folhas do livro apresentam pequena mancha antiga de humidade no canto inferior esquerdo.
Invulgar.
15€

27 abril, 2017

CALLIXTO, Vasco - UM MONUMENTO AOS PIONEIROS DA AVIAÇÃO. [Amadora], Câmara Municipal da Amadora, 1980. In-8.º (20,5cm) de 53, [3] p. , il. ; B.
1.ª edição.
Conferência proferida pelo autor na CMA a 8 de Abril de 1980, por ocasião do 44.º aniversário da conclusão da última grande viagem aérea dos tempos heróicos da «velha» Aviação Portuguesa.
Ilustrada no texto com reproduções de fotografias e portadas de jornais de época.
"A primeira manifestação aeronáutica realizada na Amadora, teve lugar a 7 de Julho de 1912, um domingo, «nos terrenos do Casal do Borel», como referiu a imprensa da época. Devo esclarecer que este casal ainda existe, entre a estrada dos Quatro Caminhos (a estrada de acesso à Amadora) e a estrada de Sintra, e veio a ser nas vizinhanças do Casal do Borel que mais tarde se instalou o aeródromo da Amadora, onde hoje está a Academia Militar. E a primeira manifestação aeronáutica realizada na Amadora, há 67 anos, como ia dizendo, foi um muito concorrido «Concurso de Papagaios». [...]
Seis meses depois desta festa, um avião voou na Amadora! Agora, sim, era a autêntica aviação que chegava à «irrequieta» povoação. Fora o avião do já citado aviador francês Alexandre Sallés."
(excerto de Um «Concurso de Papagaios»...)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Alguns sublinhados (poucos) ao longo do livro.
Invulgar.
10€

26 abril, 2017

OS AÇORES, A I GUERRA MUNDIAL E A REPÚBLICA PORTUGUESA NO CONTEXTO INTERNACIONAL : Angra do Heroísmo | Ponta Delgada | Horta : 4 a 8 de abril - ATAS DO COLÓQUIO INTERNACIONAL. [Ponta Delgada], Governo dos Açores : Presidência do Governo : Direção Regional da Cultura, 2012. In-8.º (22,5cm) de 492, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada nas páginas do texto reproduzindo desenhos, pinturas e fotogravuras da época.
"Só a entrada na guerra permitiu à República Portuguesa a sua consagração internacional e fê-la participar na Conferência de Paz de Paris em 1919 como potência vencedora, a última vez que tal aconteceu. Por muito discutíveis que tivessem sido os motivos para o empenho militar na guerra ao lado dos Aliados, houve um objectivo que se manteve sempre claro e constante: a República Portuguesa ganhava assim o direito a participar na conferência de Paz que regularia a organização da sociedade europeia e mundial.
A política, primeiro, e a historiografia subsequente depois, erigiram a manutenção das colónias como o grande objectivo da entrada na I Guerra Mundial. Porém, a história da participação portuguesa na Conferência e Paz de 1919, demonstra que foram sobretudo objectivos de carácter económico e financeiro que guiaram a delegação portuguesa em Paris, primeiro presidida por Egas Moniz, ministro de Sidónio Pais, e depois de Março por Afonso Costa. Entre esses objectivos contam-se: a participação no Conselho Executivo da SDN, o pagamento de reparações e indemnizações de guerra por parte da Alemanha, a distribuição da tonelagem da sua marinha mercante, o perdão da dívida de guerra contraída, - ou, pelo menos a ligação do seu pagamento à liquidação das reparações por Berlim - junto da Banco de Inglaterra no valor de 22 milhões de libras. [...]
Os Açores, perdida a centralidade que a I Guerra Mundial trouxera e restaurado o isolacionismo norte-americano logo depois da paz, debatiam-se, enfraquecidos internacionalmente no fim do regime republicano parlamentar pela autonomia e pelo regionalismo. E não bastava a Madeira querer..."
(excerto da conferência de abertura, por José Medeiros Ferreira)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

25 abril, 2017

GAMEIRO, E. da Silva - ASTRONOMIA NÁUTICA. Pelo capitão de fragata... antigo professor da Escola Naval, professor da Escola Náutica. Lisboa, Edição do Autor, 1964. In-8.º (22,5cm) de 97, [16] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Muito ilustrada com tabelas, fotogravuras e desenhos esquemáticos.
Exemplar n.º 1630 de uma tiragem não declarada.
"A Astronomia é um dos mais velhos, progressivos e aliciantes ramos da Ciência.
O mistério do Cosmos, manifestando-se no deslumbrante espectáculo da sucessão dos dias e das noites e na beleza incomparável do firmamento, atraiu desde sempre a imaginação dos homens. Eles conceberam sucessivas teorias tendentes a explicar o complexo movimento dos astros, num constante desejo de conhecer mais profundamente o que se passa para além do planeta em que habitamos.
Sem o conhecimento das leis que regem esses movimentos não teria sido possível sequer ao Homem explorar a Terra e deslocar-se em segurança e precisão sobre a sua superfície. [...]
A Astronomia, ciência que estuda os astros, apresenta um campo extremamente vasto de problemas e de conhecimento e pode ser portanto abordada sob os mais variados aspectos.
A Astronomia Náutica, de que se ocupa o presente trabalho, confina-se ao estudo dos problemas de Astronomia que interessam à prática da navegação astronómica."
(excerto do Cap. I - Preliminares, Astronomia Náutica)
Índice:
1 - Preliminares. 2 - Coordenadas. 3 - Movimentos da Terra. 4 - Corpos celestes. 5 - Medição do tempo. 6 - Determinação da altura dos astros. 7 - Transformação de coordenadas. ANEXO - Extractos do Almanaque Náutico. Índice alfabético. 
Encadernação inteira de tela com ferros gravados a seco e a outo na pasta frontal e na lombada.
Muito invulgar.
20€

24 abril, 2017

MORAIS, Carlos de - BUARCOS. Figueira da Foz, Escola Gráfica, Abril de 1944. In-8.º (21cm) de [12] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de poesias sobre Buarcos, homenagem do autor a esta bonita vila piscatória do concelho da Figueira da Foz.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa de Carlos de Morais ao poeta Silva Tavares.
"Buarcos é uma terra encantadora que se olha sempre com deleite de alma. / Batida pela luz puríssima das alvoradas,lembra uma filigrana urdida por lavrante de amorosos geitos; aureolada pelos reflexos doirados dos poentes recorda um esmalte precioso, emoldurado por nuances de Arco-Irís onde o azul cobalto do mar predomina, realçando-lhe as belezas naturais."
(excerto do preâmbulo)
Exemplar brochado em bom esdtado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

23 abril, 2017

BENSABAT, José Jacob - A VERDADE DOS FACTOS OCORRIDOS NA VILA DA ERICEIRA NA OCASIÃO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA. Por... ex-Delegado Marítimo do Porto desta Vila. Prefácio de Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão. [S.l.], Liga dos Amigos da Ericeira, [1990]. In-8.º (20cm) de VIII, 33, [5] p. ; [6] f. il. ; B.
Opúsculo publicado por ocasião do 80.º aniversário do embarque da Família Real na Praia dos Pescadores (Ericeira) rumo ao exílio; reproduz com fidelidade o texto editado originalmente em 1929.
Ilustrado com 6 fotogravuras extratexto.
"Umas vezes deturpada pelo facciosismo político e outras pela visão romântica do acontecimento, a partida do Rei D. Manuel II surge através de uma narrativa que procura ser fiel à verdade dos factos. Foi seu autor um dos personagens que teve um papel mais activo na preparação do embarque, por ser o delegado marítimo no porto da Ericeira. Funcionário adstricto ao Ministério da Marinha, coube a José Jacob Bensabat dar as instruções e executar as principais tarefas que se ligaram à condução da Família Real para bordo do iate D. Amélia. Mais do que uma testemunha verídica, ele foi a personagem central da complexa movimentação de que a Ericeira se tornou o cenário, com a partida para o desterro de um rei jovem e portador das maiores esperanças.
O opúsculo A Verdade dos Factos comprova uma série de factos que ao tempo foram postos em causa e que são da maior impirtância para compreender a atitude da Coroa face à revolução triunfante. Antes de mais, que D. Manuel II não pretendeu fugir às obrigações reinantes, ao contrário do que os seus adversários políticos então propalaram. Era intenção do Monarca dirigir-se à cidade do Porto, para ali arvorar o pendão da resistência à República nessa manhã aclamada nos Paços do Conselho da capital. O embarque da Ericeira não correspondeu, pois, a uma fuga às responsabilidades, porque traduzia uma forma de resistência que as circunstâncias posteriores, pela decisão do comandante do iate de seguir para Gibraltar, impediram de se concretizar. [...]
Muito haveria a referir sobre a importância da narrativa de José Jacob Bensabat que, no dizer de Jaime Lobo e Silva, autor dos Anais da Vila da Ericeira, «é o único relato verdadeiro do embarque da Família Real para o exílio». Em presença das muitas versões que então correram sobre o acontecimento, a maior parte delas sem qualquer veracidade, o antigo capitão do porto da Ericeira entendeu, em 1929, registar o seu testemunho de homem de consciência tranquila."
(excerto do prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

22 abril, 2017

RATTAZZI, Madame - L'OMBRE DE LA MORT. LE ROMAN D'ALINE. Par... Paris, Librairie des Bibliophiles, 1875. In-8.º (17,5cm) de 172, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Edição original de um livro de poesias de Maria Rattazzi, que entre nós ficou conhecida pela obra Portugal à vol d'oiseau (Portugal de relance) - "uma curiosa perspectiva do Portugal do final do século XIX, resultado da sua permanência e viagens pelo país. Uma obra que aquando da sua publicação foi responsável por uma verdadeira tempestade, na qual se envolveram, entre outros, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental e Ramalho Ortigão".
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa da autora.

"Immobile et muet, sous la roche escarpé,
Un Vieillard  est assis, près du gouffre entr'ouvert.
Sa tunique de lin, sévèrement drapée,
Reflète la blancheur se son front découvert.

Ce n'est pas Caliban, dont le souffle de flame
Sur les flots soulevés promène la terreur;
Ce n'est pas Ariel, que Miranda réclame
Quand il a de Neptune apaisé la fureur.

C'est la Génie aimé de cette solitude.
Il dompte le tempête; et, sûrs du lendemain,
Les matelots, qu'il guide avec sollicitude,
A travers les écueils se tracent un chemin.

L'Océan n'a pour lui ni secret ni mystère;
Son regard pénétrant plonge dans l'orizont;
Son esprit entrevoit les destins de la terre,
Et le doute jamais n'obscurcit sa raison."

(excerto de L'Ombre de la Mort, Cap. I)

Maria Rattazzi (1831-1902), cujo nome de família era Maria Letizia Studolmire Wyse, nasceu na Irlanda e era sobrinha-neta de Napoleão. Durante algum tempo adoptou o apelido do segundo marido, Urbano Rattazzi. Publicista, romancista, poetisa, autora de textos dramáticos e tradutora. Esteve em Portugal em 1876 e em 1879, onde conviveu com figuras do meio político e cultural. Após o seu regresso a França publicou o polémico Portugal à vol d'oiseau : portugais et portugaises (1879), com tradução para português no ano seguinte, em 1880.
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.

Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
45€
PINTO, Maia - O ESFORÇO MILITAR DE PORTUGAL NOS ÚLTIMOS MESES DA GUERRA (1914-1918). [Por]... (Tenente-coronel de Artilharia). Porto, Manuel Maia Pinto, 1960. In-8.º (19,5 cm) de 104, [8] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Livro publicado pelo filho do autor em preito de homenagem à memória de seu pai. Trata-se de um conjunto de crónicas de Maia Pinto publicadas no jornal republicano "O Norte", no decorrer do ano de 1919, e que dizem respeito à acção do 3.º Grupo de Bateria de Artilharia (G. B. A.), de que foi comandante, em França, durante os últimos meses de 1918.
Ilustrado com um retrato do autor em extratexto.
Edição em tiragem muito reduzida (200 exemplares).
"Quando as tropas portuguesas sofreram o violento embate alemão, em 9 de Abril, estavam em véspera e, pode dizer-se, já em vias de rendição. Creio que nenhuma tropa aliada se conservou tanto tempo seguido na linha como algumas das nossas.
Esta circunstância e a falta de oficiais e graduados tornou necessária a retirada total das nossas forças muito para a retaguarda a fim de se reorganizarem e reconstituírem. O desbarato e as perdas de 9 de Abril mais acentuaram essa necessidade.
Por deslocações sucessivas veio o C. E. P. a concentrar-se em Dévres (1.ª div.) e Samer (2.ª div.) e mais tarde em Ambeleteuse. [...]
Nos vastos areais se organizaram e instalaram os acampamentos de tropas que vinham chegando; os oficiais que puderam alugaram e instalaram-se pelas casas da vila.
Os alemães prosseguiram a sua grande e última ofensiva.
Detida ao norte pela resistência heróica no monte Kemel que lhe cortava o caminho Harzebrouck- Calais, suspensa na nossa antiga frente na altura em que estivera o quartel general do C. E. P. (St. Venant), prosseguia temerosa e inquietante em direcção de Amiens e Paris.
Esse período de dúvidas e ansiedade passaram-no as tropas portuguesas em Ambeleteuse.
Para muitos foi um período de desespero vendo esfumar-se, olvidar-se e anular-se todo o nosso esforço, pela inacção absoluta em que nos encontrávamos. Esses sonhavam e esforçavam-se pela reconstituição de qualquer parcela que fosse representar na frente o nome de Portugal.
No meio do desnorteamento e depauperamento moral de Ambeleteuse, um grupo de boas vontades consegue reorganizar a 1.ª divisão portuguesa que via instalar-se na área onde tinham sido organizadas as nossas primeiras forças, antes de seguirem para as linhas, em 1917. Dessa 1.ª divisão fez parte o 3.º G. B. A., unidade que não sofrera as violências do 9 de Abril, por ter, como outros, sido rendida pouco antes daquele dia, mas que tinha já dado demoradas provas na frente."
(Excerto do Cap. II, A acção do 3.º G. B. A. depois de 9 de Abril)
Índice:
Biografia. Ao Leitor. I - O esforço militar de Portugal nos últimos meses da guerra. II - A acção do 3.º G. B. A. depois do 9 de Abril. III - Preliminares da marcha. IV - O 3.º G. B. A. nas antigas posições da estrada de La Bassée. V - Nas linhas de Armentières. VI - Em perseguição. VII - A caminho da Bélgica. VIII - A mudança de posição. IX - A propósito de A acção do 3.º G. B. A. Uma carta do Dr. Eduardo Pimenta. X - Ainda o 3.º G. B. A. Respondendo à carta do Dr. Eduardo Pimenta. XI - Ainda a propósito do 3.º G. B. A. Outra carta do Dr. Eduardo Pimenta. Nota final da Redacção.
Carlos Henrique da Silva Maia Pinto (1866-1932). "Foi um oficial de Artilharia do Exército Português e político republicano do período da Primeira República Portuguesa que, entre outras funções de relevo, exerceu os cargos de deputado à Assembleia Nacional Constituinte de 1911, governador civil de Viana do Castelo (1914), ministro das Colónias (1921) e presidente do Ministério (primeiro-ministro), acumulando com a pasta de ministro do Interior (1921).
Nasceu no Porto, filho de Henrique Pinto, juiz da Relação do Porto, e de Carolina Amélia da Silva Maia Pinto. Depois de ter frequentado os estudos secundário no Liceu do Porto, frequentou os estudos preparatórios na Escola Politécnica de Lisboa e ingressou na Escola do Exército em 1886, na qual se formou como oficial de Artilharia no ano de 1892.
Ainda aluno da Escola do Exército já se revelara defensor dos ideais republicanos, participando activamente nas iniciativas da Liga Patriótica do Norte e nas manifestações nacionais de repúdio À cedência portuguesa às exigências do ultimato britânico de Janeiro de 1890.
Já oficial no activo, colocado em unidades militares do Norte de Portugal, entre 1894 e 1897 tomou parte em diversas conjuras fracassadas contra o regime da Monarquia Constitucional Portuguesa que se tentaram organizar naquela região na sequência da Revolta de 31 de Janeiro de 1891. Paralelamente colaborou com diversos periódicos republicanos, com destaque para O Povo, de Viana do Castelo, onde publicou violentos artigos antimonárquicos assinados com as iniciais M. P., mas cuja autoria lhe era já publicamente atribuída. Paralelamente, desenvolveu uma importante acção de propaganda republicana no interior dos quartéis por onde andou, secundado por outros oficiais e por sargentos e praças que com ele alinhavam.
Criou no Regimento de Artilharia n.º 5 um núcleo republicano que após a implantação da República Portuguesa foi instrumental para suster, sob o comando de Carlos da Maia Pinto, uma das tentativas de contra-ofensiva monárquica a partir do Norte.
Nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte que se realizaram em 1911, Carlos Maia Pinto foi eleito deputado, tendo participado nos trabalhos que levaram à aprovação da Constituição Portuguesa de 1911.
Entre 21 de Março e 5 de Setembro de 1914 exerceu as funções de governador civil do Distrito de Viana do Castelo .
No posto de tenente-coronel foi integrado no Corpo Expedicionário Português enviado para França no decurso da Primeira Guerra Mundial, tendo aí comandado uma bataria integrada com forças inglesas e francesas.
Atingiu o posto de Coronel.
A 17 de Maio de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis; a 28 de Junho de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Cristo.
Mantendo-se sempre na ala mais radical do movimento republicano, na sequência da "Noite Sangrenta" de 19 de Outubro de 1921, Maia Pinto, então com o posto de coronel, foi convidado para integrar o governo presidido pelo também coronel Manuel Maria Coelho, para a pasta de ministro das Colónias, mas não chegou a tomar posse. O governo então formado foi efémero, durando apenas 18 dias, tendo pedido a sua demissão a 3 de Novembro. Com a queda do executivo, coube a Maia Pinto assumir as funções de chefe do novo executivo que tomou posse a 5 de Novembro.
Novamente a instabilidade política, e em particular as repercussões do assassinado de Machado Santos, António Granjo e outros republicanos ocorrida na "Noite Sangrenta", que retiravam qualquer resquício de legitimidade ao governo, provocou uma rápida erosão da sua base de apoio e Maia Pinto foi obrigado a demitir-se a 16 de Dezembro, apenas 40 dias depois de ter tomado posse.
A 5 de Outubro de 1922 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis.
Já na situação de reserva e a viver no Porto, em 1925 foi detido por participar num comité de apoio à Revolta de 19 de Julho de 1925, uma tentativa de sublevação com o intento de derrubar o Parlamento e forçar novas eleições, liderada por José Mendes Cabeçadas e Jaime Baptista."
(fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
30€

21 abril, 2017

GALLICO, Paul - THE SNOW GOOSE. By... Illustrations by Peter Scott. London, Michael Joseph, 1958. In-4.º (25cm) de 54, [2] p. ; [4] f. il. ; il. ; E.
Conhecida história infantil, múltiplas vezes reeditada, impressa em inglês - no original. Edição magnificamente ilustrada com bonitos desenhos no texto e belíssimas estampas em separado.
"The great Marsh lies on the Essex Coast between the village of Chelmbury and the ancient Saxon oysterfishing hamlet of Wickaeldroth. It is one of the last of the wild places of England, a low, far-reaching expanse og grass and reeds and half-submerged meadowlands ending in the great saltings and mud flats and tidal pools near the restless sea.
Tidal creeks and estuaries and crooked, meandering arms of many little rivers whose mouths lap at the edge of the ocean cut trough the sodden land that seems to rise and fall and breathe with the recurrense of the daily tides. It is desolate, uttery lonely, and made lonelier by the calls and cries of the wildfowl that make their homes in the marshlands and salting - the wildgeese and the gulls, the tteal and widgeon, the redshanks and curlews that pick their way trough the tidal pools. Of human habitants there are none, and none are seen, with the occasional exception of a wild-fowler or native oysterfishermen, who still ply a trade already ancient when the Normans came to Hastings."
(excerto do Cap. I)
Encadernação em tela com ferros gravados a prata na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Dedicatória manuscrita na f. anterrosto (não do autor).
Invulgar.
10€

20 abril, 2017

MACHADO, Herlander Alves - DESPEDIMENTO SEM INDEMNIZAÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE UM TRABALHADOR DO BANCO NACIONAL ULTRAMARINO EM 27.11.74 COM 25 ANOS DE SERVIÇO. Documentos. [S.l.], [Edição do Autor - imp nas Oficinas Gráficas Manuel A. Pacheco, Lda., Lisboa], [1974]. In-4.º (23cm) de 74, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Processo contra o autor - funcionário superior do B.N.U. durante 25 anos - que culminaria com o seu despedimento/saneamento sem qualquer compensação ou indemnização. Importante peça jurídica para a compreensão das relações laborais durante o período conturbado que se seguiu ao 25 de Abril de 1974.
Herlander Alves Machado (n. 1927). Ingressou nos quadros do pessoal do Banco Nacional Ultramarino em 1 de Agosto de 1949. Licenciou-se em Letras (História e Filosofia) em 1955, completando em seguida o Curso de Ciências Pedagógicas de 1959. Foi professor do Ensino Técnico Oficial durante 12 anos.
Trabalhou, desde 1949, na Contabilidade, no Contencioso, na Inspecção do Continente e Ilhas, no Serviço de Estudos Económicos, na Secretaria Geral e no Serviço de Pessoal (onde permaneceu desde 8-1-68 até 7-6-74, apesar de ter formulado sucessivos pedidos para ser transferido para outras funções). Tendo obtido aprovação em todos os concursos internos, percorreu a escala hierárquica estabelecida até atingir o posto de Director de Serviços.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas levemente manchadas por acção da luz.
Raro.
Com interesse histórico.
15€

19 abril, 2017

LOURES NO TEMPO E NA MODA. Exposição etnográfica : 17 de Julho a 16 de Novembro 1992.  Realização dos textos do catálogo - Ana Paula Assunção, Francisco Sousa e Eugénia Correia. [Loures], Museu Municipal de Loures : Departamento Sócio-Cultural : Câmara Municipal de Loures, 1992. In-4.º (27x27 cm) de 48 p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Livro muito ilustrado com bonitos desenhos e fotogravuras.
"Fala-se da(s) moda(s) entre finais do século XIX (1870) e princípios do seguinte (1906), tendo presente todo o contexto de mudança que envolveu o indivíduo e a sociedade foi o pretexto para esta abordagem da Etnografia Local Saloia, pondo o acento no ritual da moda que embora apresentando traços próprios e tradicionais para os Saloios, não deixou, no entanto, de ser contaminada pelo contacto obrigatórios como o «outro» com quem se relacionou no espaço público ou privado, na oficina, no comércio, no campo, na cozinha, no salão ou teatro, ou na política. [...]
Para este tema - a procura da inovação é obrigatória - a História tinha de apresentar o diálogo da aproximação, o reflexo deste naquele, do laço na touca, do chapéu no barrete, do sapato na bota.
Espaços comuns mas também individuais e/ou privados.
Paralelamente, as Cidades vão-se afirmando; o município é o espaço onde o cidadão se identifica com o Poder; as estradas aproximam gentes e costumes, o comboio traz as notícias de Paris, a cultura, enfim, a moda."
(Excerto de Considerações gerais)
Matérias:
I - Considerações gerais. II - A cidade e o campo - traços gerais de hábitos, memórias. Debaixo da Regeneração, a caminho do Capitalismo; A euforia da alta burguesia: uma história de hábitos; Memórias de Loures; O campo está na moda; A moda às mãos da modista, do alfaiate. III - Sobre o gosto e o trajar : os alfacinhas e os saloios. Fins do séc. XIX - Inícios do séc. XX. Sobre o trajo; Sobre a moda; Sobre a difusão dos gostos e da moda; Sobre os alfacinhas e os saloios - o seu trajar. IV - Modos de trajar na região saloia. Período de 1870 a 1906: Características gerais do trajo; Variações do trajo deste período; Descrição detalhada de alguns trajes: o testemunho da peça de vestuário e da fotografia.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

18 abril, 2017

NINY, Henrique Jorge - INQUÉRITO HABITACIONAL. Organizado pela Direcção Geral de Saúde Pública - Inspecção de Sanidade Terrestre - em colaboração com o Instituto Nacional de Estatística. Estudo crítico por... Inspector-adjunto. Lisboa, Ministério do Interior, 1941. In-4.º (25,5cm) de 302, [2] p. ; [14] f. desdob. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo levado a cabo em Lisboa, incidindo com algum pormenor em quatro freguesias: Santos, Camões, Belém e Arroios.
Ilustrado no texto com quadros, tabelas, plantas e fotografias a p.b., muitas delas em página inteira, e em separado, com 14 mapas em folhas desdobráveis.
"Foi da escolha do Ex.mo Director Geral a terra em que se realizou o trabalho, a cidade de Lisboa, e dentro desta cidade, de enorme área, a escôlha das zonas a que êle se limitaria, uma vez que for falta de verbas e de pessoal seria impossível que êle fosse completo. Pensou S. Ex.ª que essas áreas deviam ser formadas por freguesias, e designou quatro, duas na parte central e duas na parte periférica da cidade, cada grupo formado por uma freguesia muito antiga e outra de desenvolvimento relativamente moderno. Foram, e respectivamente, Santos e Camões, e Belém e Arroios. [...]
Pareceu-nos sempre que se devia limitar a investigação ao que desde logo se reconhecesse possível verificar em cada habitação, em cada fogo, qualquer que fôsse a condição social da família."
(excerto do preâmbulo, Algumas palavras...)
"As aglomerações urbanas - como a vida humana - têm um desenvolvimento natural que necessita de ser vigiado. Não basta que as suas casas tenham um belo aspecto estético, não chega que as suas ruas, irrepreensìvelmente simétricas ou quebradas com curvas harmoniosas, deixem antever soberbas perspectivas, torna-se necessário que o seu médico-sanitarista lhe proporcione tôdas as condições de salubridade indispensáveis á vida e ao bem estar dos seus habitantes. [...]
As cidades, no seu crescimento progressivo, apresentam à dobadoira do tempo, problemas sempre novos e complexo de demandam, como na medicina, e cada vez mais, uma especialização mais profunda. A civilização com seu frenético dinamismo traz, constantemente, novas concepções e idéias de tal variedade e mutabilidade que a sua aplicação exige a conjugação dos conhecimentos dos vários ramos da higiene pública.
Como os homens, as urbes definham-se e adoecem e a terapêutica não deve restar apenas sintomática, tem de ir às origens para debelar o mal e tem ainda de marcar a profilaxia para que, no futuro, o morbo não reapareça. O aglomerado não vive só uma geração, tem de perdurar robusto, firme, acolhedor, para albergar sucessivas gerações, e para bem desempenhar esta missão hospitaleira o seu meio tem de ser saüdável. É então que a salubridade dita as suas leis, marcando as directrizes da habitação quanto à sua implantação, orientação, materiais de construção, disposição de compartimentos, iluminação, ventilação, instalações sanitárias, etc., proporcionado, enfim, casa salubre."
(excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa rasgada na diagonal, conservando o pedaço para posterior restauro.
Raro.
A BNP possui apenas um exemplar registado na sua base de dados.
Com interesse urbanístico.
30€

17 abril, 2017

PINTO, Fortunato Correia - O AGITADOR (romance). Lisboa, Livraria Central de Gomes de Carvalho, editor, 1906. In-8.º (20cm) de 392, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Romance histórico sobre o Ultimatum e de tudo o que se lhe seguiu.
“De Fortunato Correia Pinto (18??-19??), professor primário, republicano, conhece-se apenas uma obra de ficção, hoje ignorada quer enquanto texto literário quer enquanto documento: O Agitador. […]
O título certeiro coloca O Agitador do lado dos republicanos de acção revolucionária surgidos em 1890 e que se opunham ao directório do partido, maioritariamente legalista. Segundo a apresentação “A Quem Ler”, O Agitador foi escrito em 1900 e estava pronto a imprimir-se desde então, mas embaraços vários só permitem editá-lo em 1906. O texto de apresentação visa estabelecer o romance como fiel aos acontecimentos reais vividos pelo autor ou de que teve conhecimento. […]
Neste romance, a ausência duma transfiguração do real pelo universo imaginário próprio da literatura faz com que O Agitador pareça em boa parte um panfleto político ficcional.
A acção do romance começa no dia em que o país tem conhecimento do ultimato e da sua aceitação pelo governo, 12 de Janeiro de 1890.”
(fonte: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/8814.pdf)
"Era ao anoitecer do dia 12 de janeiro de 1890.
O sol acabava de sumir-se na linha sinuosa da costa e um ambiente pesado, humido e frio succedia á poeira luminosa que a pouco e pouco fora desapparecendo na direcção do oceano, deixando a cidade immersa em desalegre penumbra e varrida pela brisa algida e cortante.
O Tejo, inquieto, ruidoso e monotonamente melancholico, mas sempre impressionavel, parecia cantar, n'uma melopêa triste, a historia d'esta ridente cidade, desta filha dilecta que já mias d'uma vez vira abatida, flagellada, reduzida á ultima extremidade, e que, graças a elle, resurgia do proprio abatimento e cada vez mais se engrandecia, enfeitava e aformoseava, tornando-se soberba e garrida, forte e importante, bella e inimitavel. [...]
Começavam a accender-se os candieiros, e sob aquella luz amarellenta e mediocremente diffusa, a multidão, sombria e revolta, formigava pelas ruas e pejava as praças.
Fallava-se alto, gesticulava-se colericamente, dizia-se sem rebuço o que se sentia, sem medo da policia, sem receio de compromettimentos.
A Inglaterra era coberta d'insultos, a realeza e os governantes eram atacados rancorosamente, empregando-se contra elles os epithetos mais ultrajantes."
(excerto do Cap. I, A colera popular)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenas falhas no corte superior.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

16 abril, 2017

CALVÃO, G. Alpoim & PEREIRA, Sérgio A. - CONTOS DE GUERRA. Lisboa, [s.n. - imp. A. Gutenberg, Chaves], 1994. In-8.º (21cm) de 159, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Relatos da Guerra Colonial pelo comandante Alpoim Calvão.
"Parece-me pois, oportuno relatar, ainda que de forma muito incompleta e pontual, o que foi a guerra para a grande maioria das unidades combatentes, a nível de Companhia do Exército ou de Paraquedistas e de Destacamento de Fuzileiros.
Por isso, o relato não trata das grandes linhas políticas e estratégicas, de complicados planos militares e de desenvolvimento económico, de vedetas parlamentares e combatentes antifascistas. Fala apenas de Marinheiros e de Soldados e dos sargentos e oficiais que directamente os comandaram. Creio que a esmagadora maioria do milhão de homens que passou pelas fileiras, no antigo Ultramar Português, se pode reconhecer nas palavras deste livro. [...]
Aos que, desertores na frente de combate ou refractários às incorporações - ínfima percentagem e lamentável excepção, graças a Deus! - durante anos, nas emissoras estrangeiras, insultaram e procuraram desmoralizar o Povo Português representado pelos seus Soldados, manifesto a expressão da minha pena, tanto mais profunda quanto mais alto tenham subido nas novas estruturas sociais e políticas surgidas a seguir ao 25 de Abril de 1974."
(excerto da introdução)
Guilherme Almor de Alpoim Calvão (1937-2014). "Foi um dos oficiais mais condecorados das Forças Armadas, nasceu a 6 de janeiro de 1937, em Chaves, viveu em Moçambique, frequentou a Escola Naval e esteve várias vezes na frente de combate na guerra colonial. De fuzileiro a capitão de mar-e-guerra, fez várias comissões no Ultramar, recebeu, por exemplo, duas Cruzes de Guerra. Depois da guerra, Alpoim Calvão iniciou outra cruzada, de oposição ao regime democrático pós-25 de Abril de 74. Alpoim Calvão recusou-se a participar no movimento militar que levou à revolução de 25 de Abril de 1974, apesar de ter sido convidado. Calvão foi, aliás, fundador do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), responsável por uma série de assaltos e atentados bombistas a sedes do PCP no Verão Quente de 1975. O comandante participou no falhado golpe de Estado de 11 de março de 1975, sobre o qual escreveu um livro, editado em 1995, «O 11 de Março - peças de um processo». Na sequência da participação neste golpe, Alpoim Calvão foi expulso das Forças Armadas, com outros 18 militares, entre os quais o general António de Spínola. Foram reintegrados três anos mais tarde. Continuou, contudo, com uma forte lealdade ao general Spínola e acompanhou-o no exílio. Passou por Espanha e Brasil até regressar a Portugal. [...] Mas, esse não foi o único momento polémico da carreira de Alpoim Calvão. Em 1970, comandou a «operação Mar Verde» que consistiu numa invasão da Guiné-Conacri, uma operação que, segundo descreveu o próprio em entrevista à Lusa, em 1998, teve duas vertentes: libertar os prisioneiros de guerra portugueses e «destruir os meios navais do PAIGC e da República da Guiné».
(in www.tvi24.iol.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

15 abril, 2017

CORDEIRO, Luciano - VIAGENS. Hespanha e França. Lisboa, Imprensa de J. G. de Sousa Neves, 1874. In-8.º (19 cm) de 240 p. ; B.
1.ª edição.
Apreciado livro de viagens do autor com forte componente cultural. Numa apreciação do livro, escreveu Antero de Quental, não sem relevo, e alguma mordacidade: “Tendo o Sr. Cordeiro escrito tanto, sobre tantos assuntos, altos, profundos e até graves, este livro, ligeiro como é, vagabundo e escrito a correr, parece-nos o seu melhor livro!”
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa de Luciano Cordeiro a Sousa Viterbo.
"Primeiro volume das crónicas de viagem onde o autor regista as impressões da sua viagem pela Europa, plenas de notações pitorescas, apontamentos históricos, reflexões acerca da arte e dos costumes das regiões visitadas, relatos dos seus encontros com Fauvel, Renan e Mendes Leal. No capítulo inicial, "Em que o autor dá razão do livro", Luciano Cordeiro explica as suas motivações e a gestação da presente obra: "Cobri ao mesmo tempo a mesa de folhas, de pedras, de fotografias, de contas de hotéis, de guias e de catálogos: - recordações saudosas, modestas, extravagantes, ridículas talvez, mas excelentes pontos de referência onde reforçar a memória na deliciosa retrospeção desta há tanto ambicionada e tantas vezes desesperançada viagem."
(fonte: infopédia)
Luciano Baptista Cordeiro de Sousa (1844-1900). “Nasceu em Mirandela a 21 de Junho de 1844 e morreu em Lisboa a 24 de Dezembro de 1900. Escritor, historiador, político e geógrafo português, fez os seus primeiros estudos no Funchal, Ilha da Madeira, onde se fixou com a família. Licenciado em Letras em 1867, tornou-se professor de Filosofia e Literatura no Colégio Militar de 1871 a 1874. Foi diretor temporário do periódico Revolução de Setembro em 1869. Em 1875 fez parte da comissão encarregada do projeto de reforma do ensino artístico e formação dos museus nacionais. Fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1876, desenvolveu neste âmbito uma extensa atividade. Desempenhou cargos governativos ligados ao ensino. Fundou a Revista de Portugal e Brasil e o jornal Comércio de Lisboa. Era filiado no Partido Regenerador e foi deputado pelo círculo de Mogadouro na legislatura de 1882-1884 e pelo de Leiria em 1884. Foi um administrador, em nome do governo, da Companhia dos Caminhos de Ferro da Zambézia, até à sua morte, tendo sido substituído neste posto pelo seu irmão, José Maria Cordeiro. Deve-se-lhe o impulso à propaganda africanista e ao movimento colonialista. Notabilizou-se pela acérrima defesa dos interesses de Portugal em África tendo ficado célebre a sua atuação quer no Congresso de Geografia Colonial que se realizou em Paris em 1878 quer na Conferência de Berlim em 1884. A sua extensa ação editorial conta com obras publicadas no campo da crítica literária, da história, das questões coloniais, da economia e da política.”
(Fonte: www.geocaching.com)
Exemplar brochado, por aparar, em razoável estado geral de conservação. Envelhecido. Capas frágeis com defeitos. Mancha de humidade desvanecida junto ao corte lateral das folhas, visíveis nas primeiras folhas do livro.
Raro.
Indisponível