28 novembro, 2017

ULF, Axel - COMBÓIO À VISTA! Aventuras no Mar do Norte de um grumete alemão residente no estrangeiro. Por... Lisboa, Edições Alma, [1941]. In-8.º (21cm) de 40 p. ; il. ; B. Colecção Popular, VI
1.ª edição.
Curiosa história de guerra, publicada sob pseudónimo, com chancela da propaganda nazi.
Na novela, o "sueco" Sven, habitante em Estocolmo, é o protagonista. A sua condição de emigrante alemão não é inocente, muito menos coincidência. Trata-se de um apelo aos alemães espalhados pelo mundo, aproveitando para sugerir uma ligação entre os dois países - Suécia e Alemanha - que na realidade não se verificava, dada a posição neutral do primeiro no conflito.
Estas histórias "ligeiras" são muito interessantes, e a sua publicação traduz um salto qualitativo dos serviços de propaganda alemã face às edições oficiais, onde se revelavam as acções de guerra e o seu resultado no terreno, e se exaltava a Alemanha denegrindo a Inglaterra. Este meio de divulgação, procura de uma forma subtil atrair um público mais jovem, e (ou) os adeptos dos folhetins e romances de aventuras. De salientar ainda, que os desenhos, na capa e no interior (a p.b.), apresentam uma excelente qualidade gráfica e artística. Refira-se ainda, a título de curiosidade, que o editor - ALMA (ou A.L.M.A.) -, sediado em Lisboa, na Rua do Alecrim, limitava a sua produção livreira a publicações de cunho germanófilo.
"... Entretanto, tinha chegado o mês de Agosto, e Sven ouvia muitas vezes os marinheiros  falar de política. Muitos diziam que estava para breve uma guerra.
Mais depressa do que êle julgava, estalara realmente a guerra. Estavam ainda fundeados em Rotterdão, e esperavam pelo navio-cisterna «Ingwar» que devia trazer de África bronze para canhões. [...]
A meio daquela noite, Sven acordou e chamando por Olaf, disse-lhe: «Sabes?... quero ir para a Alemanha!»
Olaf, bêbedo de sono, respondeu-lhe: «Idiota!»
- «Não!» continuou Sven. «Isto não é nenhuma fantasia de idiota. Todos os rapazes alemães que estejam agora no estrangeiro, desejam regressar à pátria e combater na frente!»
- «Com que idade é que se pode ser soldado na Alemanha? Mas tu és sueco!» ripostou Olaf. - «Meus pais são alemães, e a-pesar-de eu ter vivido em Estocolmo durante nove anos, isso não quere dizer que deixei de ser alemão»."
(excerto do texto)
 Exemplar brochado em bom estado de conservação. Rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
20€

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